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Locadoras de Filmes Renascem em São Paulo em Meio ao Aumento de Preços dos Streamings

Com o aumento dos preços dos serviços de streaming, as locadoras de filmes em São Paulo estão vivenciando um renascimento inesperado. Na década de 2000, a cidade contava com aproximadamente 2.600 locadoras. Hoje, apenas quatro permanecem ativas: Video Connection, Charada Clube, Eject Video e Horus Videolocadora. Apesar de terem resistido ao tempo e à ascensão dos streamings, essas locadoras estão encontrando um novo público-alvo: os jovens.

A Revitalização das Locadoras

Paulo Pereira, proprietário da Video Connection, localizada no edifício Copan, observa um aumento no movimento de jovens universitários que buscam filmes raros que não encontram nas plataformas digitais. A Video Connection, com um acervo de 14 mil DVDs, organizados por diretores, atrai cinéfilos especializados.

As outras três locadoras também ostentam vastos acervos: a Charada Clube, na Vila Tolstoi, possui entre 14 e 15 mil DVDs e de 2 a 3 mil VHS; a Eject Video, na Vila Clementino, e a Horus Videolocadora, na Vila da Saúde, têm cerca de 11 mil filmes cada uma.

Preços e Comparações

O preço do aluguel de filmes varia entre R$8,00 e R$16,00, comparado ao plano mais barato de streaming da Amazon Prime, que custa R$19,90 mensais. Roseli Carvalho e Valdirene Ramos, proprietárias da Horus Videolocadora, enfatizam que a vantagem do aluguel está na escolha assertiva de filmes, ao contrário das intermináveis opções das plataformas digitais.

Curadoria e Experiência Pessoal

Ricardo Luperi, dono da Eject Video, destaca que sua locadora oferece uma curadoria cuidadosa, com filmes raros e um atendimento próximo aos clientes, o que atrai um público jovem que deseja fugir das opções padronizadas dos streamings.

Gilberto Petruche, da Charada Clube, combina a locação de filmes com eventos culturais, como o Festival Terra em Transe, que promove o estabelecimento e atrai colecionadores de filmes e músicos. Ele acredita que o futuro das locadoras pode estar na sua transformação em “museus vivos”, combinando o aluguel de filmes com outros produtos vintage.

Desafios e Esperanças

Apesar dos desafios financeiros, os proprietários dessas locadoras veem um propósito maior em seus negócios. Gilberto Petruche, por exemplo, afirma que a prioridade é manter o negócio autossustentável, mesmo que o lucro não seja substancial. Para ele, a locadora representa mais do que um empreendimento comercial, é uma forma de preservar e compartilhar a cultura cinematográfica.

Enquanto a concorrência com as plataformas digitais e a pirataria continuam sendo obstáculos, a paixão pelos filmes e a dedicação em manter um serviço especializado e pessoal podem garantir a sobrevivência dessas locadoras, proporcionando uma experiência única para os amantes do cinema em São Paulo.

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