Economia

Mercado de apostas movimenta cerca de R$ 120 bilhões e já impacta o consumo nos supermercados

O mercado de apostas no Brasil movimenta anualmente entre R$ 100 e R$ 120 bilhões, segundo um relatório da XP sobre o tema divulgado no início deste ano. Algumas estimativas chegam a apontar um montante de R$ 150 bilhões. Para efeito de comparação, o faturamento do Carrefour, maior empresa de varejo alimentar do país, foi de R$ 115,5 bilhões em 2023.

As empresas de apostas online (AEO) registraram vendas brutas de R$ 13 bilhões no ano passado, o que representa um crescimento de 71% em relação a 2020. Esse tipo de despesa tem se tornado uma parte significativa do orçamento dos brasileiros, desviando parte do valor que anteriormente era destinado às compras de supermercados.

Uma pesquisa da Futuros Possíveis, citada no relatório da XP, indica que 80% das pessoas apostam até R$ 100 por vez, enquanto o tíquete médio dos supermercados em 2023 foi de R$ 125,34, segundo dados da Neogrid. Essa concorrência é particularmente acentuada nas classes de baixa renda, onde os gastos com apostas chegam a R$ 50 por jogo e representam cerca de 20% do orçamento discricionário (despesas não obrigatórias) das famílias mais pobres.

Durante o 12º Fórum Nacional de Integração Varejo e Indústria, varejistas expressaram preocupação com o impacto desse desvio de renda, que potencialmente seria destinada às lojas de varejo alimentar, para as apostas. Eles destacaram a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa por parte do governo.

Em dezembro do ano passado, uma nova lei foi aprovada para regulamentar o mercado de AEO no Brasil. As principais mudanças incluem a imposição de normas operacionais e de compliance mais rigorosas, além de uma tributação mais elevada para as empresas (12% sobre as receitas brutas) e para os usuários (15% sobre os ganhos nas plataformas).

O relatório da XP, assinado pelos especialistas Danniela Eiger, CFA, Head de Varejo e Co-Head de Equity Research, e Gustavo Senday, Analista de Varejo, avalia que o aumento da tributação pode tornar os gastos com AEO marginalmente menos atrativos, especialmente para os usuários de baixa renda, potencialmente liberando parte dessa renda para ser gasta em outras categorias.

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