Economia

Paraguai declara que prefere vender energia para mineradores de Bitcoin do que para o Brasil

O governo do Paraguai anunciou nesta semana planos para a venda de sua energia elétrica excedente, priorizando mineradores de Bitcoin.

O governo do Paraguai anunciou nesta semana planos para a venda de sua energia elétrica excedente, priorizando mineradores de Bitcoin. O ministro da Indústria e Comércio, Javier Giménez, revelou que a nação guarani está focada em aproveitar seu excedente energético de maneira estratégica e lucrativa, direcionando-o para a mineração de criptomoedas.

Segundo o ministro, é muito mais rentável para o país vender sua energia para os mineradores de Bitcoin, que pagam até 3 vezes mais do que o valor pago pelo Brasil com o acordo de Itaipu. No entanto, a proposta do Brasil é que o preço pago pela energia da hidroelétrica bi-nacional, seja ainda mais barato.

O governo brasileiro que rever o acordo de fornecimento de energia da usina hidrelétrica de Itaipu, construída por meio de um acordo binacional entre o Brasil e o Paraguai, na região de Foz do Iguaçu. O acordo foi assinado em 1973 e prevê uma revisão dos termos após 50 anos.

Na revisão que deve ser debatida com o Paraguai até setembro, o governo brasileiro destaca que pretende equilibrar os termos para que eles atendam melhor aos dois países e isso significa baratear o custo da energia fornecido para o Brasil.

A usina binacional de Itaipu é estratégica tanto para o Brasil como para o Paraguai, já que com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, Itaipu fornece 8,7% da energia consumida no Brasil e 86,4% no Paraguai.

No entanto, o Paraguai vem sendo reticente em vender o excedente de energia para o Brasil e pretende focar em mineradores de criptomoedas para conseguir uma demanda rápida para sua energia e evitar problemas com o Brasil.

Em uma conversa na Câmara de Comércio Paraguai-Brasil, Giménez destacou que o Paraguai possui um grande excedente de eletricidade, e que para utilizá-lo completamente seriam necessárias cerca de 10 mil novas indústrias, algo que pode levar anos para se concretizar.

“Estamos correndo para atrair indústrias, mas quão bom seria se, entretanto, fizéssemos a coisa inteligente e demos a energia aos criptomineradores, onde há demanda, para que eles possam usá-la enquanto isso”, afirmou Giménez.

Mineração de Bitcoin no Paraguai

Giménez reconheceu que, atualmente, as fazendas de mineração de Bitcoin são a única indústria lucrativa no Paraguai. Ele explicou que algumas dessas fazendas, como a localizada em Hernandarias, ajudam a proteger o sistema elétrico paraguaio ao desligarem suas máquinas durante os picos de demanda local, conforme solicitado pela Administração Nacional de Eletricidade (ANDE).

O Paraguai abriga mais de 50 mineradoras de Bitcoin operando legalmente, pagando contratos de energia milionários à ANDE e reguladas por essa instituição. No entanto, o país também enfrenta desafios com a mineração ilegal de Bitcoin. Desde o início do ano, a ANDE, juntamente com o Ministério Público e outras instituições, intensificou a luta contra a mineração clandestina, desligando fazendas ilegais e confiscando mais de 9.000 equipamentos de mineração.

Recentemente, uma operação revelou uma fazenda clandestina próxima à sede da ANDE, onde cerca de 3.000 equipamentos de mineração de Bitcoin foram apreendidos.

Apesar da legalidade da mineração de Bitcoin no Paraguai, a atividade carece de um marco regulatório robusto. Atualmente, há quatro projetos de lei em tramitação no Congresso, visando regularizar a mineração digital e promover a transparência na atividade.

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