Saúde

Interrupção de Antidepressivos Gera Sintomas em 33% dos Pacientes, Revela Estudo

Pesquisa alemã revela que um em cada três pacientes sofre com sintomas após interromper o uso de antidepressivos, com 3% enfrentando efeitos graves.


O uso de antidepressivos tem aumentado nos últimos sete anos, mas as consequências da interrupção desses medicamentos ainda precisam ser abordadas. Um estudo alemão, publicado na revista britânica Lancet Psychiatry, revelou que uma em cada três pessoas volta a sentir sintomas após cessar o tratamento com antidepressivos.

Entre os 21.000 pacientes envolvidos na pesquisa, 3% apresentaram sintomas graves. Outros efeitos comuns incluem irritabilidade, insônia, náuseas e dores de cabeça, que podem surgir em até duas semanas após a interrupção.

O estudo, conduzido pela Universidade de Medicina de Berlim e pela Universidade de Colônia, analisou 79 estudos de acompanhamento clínico. A amostra variou de acordo com os diferentes antidepressivos utilizados, a duração do uso e a metodologia dos levantamentos.

O Dr. Jonathan Henssler, chefe do grupo de trabalho de Saúde Mental Baseada em Evidências da Universidade de Medicina de Berlim, afirmou que “apenas metade dos sintomas pode ser realmente atribuída ao medicamento”. Segundo ele, o “efeito placebo” presente em algumas pesquisas influenciou os resultados, já que pacientes que esperavam efeitos negativos apresentaram sintomas semelhantes aos que usavam os antidepressivos.

Os pesquisadores identificaram um “efeito nocebo”, onde sugestões psicológicas e expectativas de efeitos colaterais negativos afetaram os resultados. “No grupo do placebo, os efeitos do medicamento podem ser descartados, portanto, os sintomas se devem ao fato de terem ocorrido por acaso, independentemente da terapia, ou são resultados do efeito nocebo”, explicou o Dr. Henssler.

A pesquisa destaca que a interrupção dos antidepressivos tem sido negligenciada nas pesquisas anteriores, mas agora é considerada relevante. Na Alemanha, quase 1,8 bilhão de doses diárias de antidepressivos foram prescritas em 2022, enquanto no Brasil, o uso desses medicamentos aumentou cerca de 17% durante a pandemia.

“Nos últimos anos, não apenas a comunidade científica, mas também o público tem discutido muito ativamente e, às vezes, emocionalmente, sobre a frequência e a gravidade dos sintomas de descontinuação”, afirmou o professor Dr. Christopher Baethge, cientista do Departamento de Psiquiatria e Psicoterapia da Universidade de Colônia.

Texto adaptado de CNN Brasil.

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