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Por que as músicas ficam presas na sua cabeça?

Descubra o que são os “earworms” e por que certas músicas, mesmo as indesejadas, se repetem incessantemente em sua mente.


Você já se pegou com uma música repetitiva tocando na sua mente, mesmo sem querer? Esse fenômeno é popularmente conhecido como earworm, uma tradução direta do termo alemão Ohrwurm. Cientificamente chamado de “imagética involuntária”, ele descreve qualquer som, imagem, cheiro ou sabor que retorna à mente sem aviso.

Embora fascinante, ainda há muito a ser descoberto sobre os earworms. Algumas teorias sugerem que eles podem ser uma forma leve de alucinação musical — onde, diferentemente das alucinações clássicas, você está plenamente consciente de que não há som real. Outra hipótese é que essas repetições mentais estão relacionadas ao processo de consolidação de memórias, algo semelhante ao que ocorre durante o sono REM.

O neurologista Oliver Sacks, em seu livro Musicophilia, sugere que os earworms podem surgir devido ao constante bombardeio musical ao qual estamos submetidos na vida moderna. Mas uma explicação ainda mais intrigante está na “coceira cognitiva”, termo cunhado por James Kellaris, professor de marketing da Universidade de Cincinnati, também conhecido como “Dr. Earworm”. Ele acredita que certas músicas possuem características que provocam uma reação cerebral incomum, despertando nossa atenção. Essas músicas são repetitivas, simples e apresentam variações rítmicas inesperadas — o que faz com que nosso cérebro as repita, numa tentativa frustrada de processá-las.

Em um estudo de 2003, Kellaris descobriu que cerca de 98% das pessoas já experimentaram um earworm, geralmente envolvendo músicas cantadas, e não instrumentais. Apesar de ambos os gêneros terem a mesma propensão para earworms, as mulheres, segundo a pesquisa, tendem a sofrer com eles por mais tempo e ficam mais irritadas com o fenômeno. Outro dado interessante é que músicos e pessoas ansiosas são mais suscetíveis a esses “ataques”.

E o que causa um earworm? Embora ainda não haja consenso, algumas pesquisas mostram que os earworms ocorrem frequentemente quando estamos sozinhos e entediados, após ouvirmos a música pelo menos três vezes. E, curiosamente, músicas que não gostamos têm maior chance de se fixar na nossa cabeça. Um levantamento revelou que 7,5% das pessoas foram “infestadas” por sua música menos favorita, sendo que mais de um terço das pessoas odiava mais a letra do que qualquer outro aspecto da canção. E, como esperado, a música mais detestada entre os entrevistados foi “Achy Breaky Heart”, de Billy Ray Cyrus.

Quanto às soluções para acabar com um earworm, ainda não há um método infalível. Entre as tentativas mais comuns estão substituir a música por outra, distrair-se com outras atividades ou até ouvir a música “presente” na mente, na esperança de que isso resolva. No entanto, em muitos casos, o melhor é apenas esperar o tempo passar e deixar o earworm ir embora por conta própria.


Complemento:

Ilustração criada por inteligência artificial com prompt da redação (Autor: Paulo Santos)

Um estudo publicado no ResearchGate, intitulado “Why do Songs Get Stuck in Our Heads? Towards a Theory for Explaining Earworms“, propõe novas teorias sobre o fenômeno dos “earworms” ou “músicas chicletes”. O estudo sugere que certos elementos estruturais nas músicas, como repetição e simplicidade, em conjunto com estados emocionais específicos dos ouvintes, contribuem significativamente para a recorrência involuntária dessas melodias.


Texto traduzido com auxílio de inteligência artificial de The Straight Dope e revisado pela nossa redação.

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