Ciências

China bate recorde com ímã que gera campo magnético 800 mil vezes mais forte que o da Terra

Cientistas chineses desenvolveram o ímã resistente mais poderoso do mundo, capaz de suportar um campo magnético de 42,02 tesla, superando o recorde anterior.

A China se tornou a nova detentora do ímã resistente mais poderoso do mundo, capaz de gerar um campo magnético 800 mil vezes mais forte que o da Terra. O ímã foi desenvolvido no Centro de Altos Campos Magnéticos Estáveis (SHMFF), no Instituto Hefei de Ciência Física da Academia Chinesa, e atingiu um recorde de 42,02 tesla, superando o anterior de 41,4 tesla, estabelecido em 2017 pelo Laboratório de Altos Campos Magnéticos Nacional dos Estados Unidos.

Os ímãs resistentes, feitos de fios de metal em espiral, são amplamente utilizados em instalações magnéticas ao redor do mundo. O físico Guangli Kuang, especialista em altos campos magnéticos no SHMFF, destacou o trabalho árduo da equipe para alcançar esse feito: “Não foi fácil conseguir”, disse ele.

Avanços na ciência

A criação desse ímã resistente abre novas perspectivas para a pesquisa científica, permitindo o desenvolvimento de tecnologias capazes de suportar intensos campos magnéticos. Essas tecnologias podem revelar propriedades ocultas de materiais avançados, como os supercondutores, que transportam eletricidade sem dissipação de calor quando em temperaturas extremamente baixas.

Marc-Henri Julien, físico do Laboratório Nacional para Intensos Campos Magnéticos, na França, afirmou que esses avanços permitem explorar fenômenos físicos inéditos. “Você pode criar ou manipular estados da matéria”, disse Julien em entrevista à revista Nature. Apesar de serem parte de uma tecnologia já consolidada, os ímãs resistentes oferecem a vantagem de sustentar campos magnéticos por longos períodos, ao contrário dos supercondutores, além de gerarem esses campos de forma mais rápida.

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Desafios e custos

Apesar dos avanços, o desenvolvimento de ímãs resistentes enfrenta um grande obstáculo: o alto custo energético. Para gerar o campo magnético recorde, o ímã do SHMFF demandou 32,3 megawatts de eletricidade. Isso torna o custo de produção e manutenção bastante elevado.

A equipe do SHMFF trabalha agora no desenvolvimento de um ímã híbrido, capaz de gerar 55 tesla. Esses ímãs, apesar de mais eficientes em termos de consumo de energia, ainda são caros para fabricar e manter, representando um desafio contínuo para os cientistas.

Texto adaptado de Galileu pela nossa redação.

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