Motoristas da Tesla relatam perigos do projeto “Rodeo”, que testa ao limite o sistema autônomo em vias públicas, expondo pedestres e ciclistas a riscos.
Uma das tarefas mais arriscadas na Tesla envolve o projeto interno “Rodeo”, conduzido por uma equipe encarregada de testar os limites do software de direção autônoma nos modelos Model 3 e Model S. Com o objetivo de avaliar a capacidade do sistema, esses motoristas são treinados para permitir que o carro opere sozinho o máximo de tempo possível antes de intervir, mesmo em situações que podem resultar em acidentes.
Segundo a Business Insider, que entrevistou nove atuais e ex-membros do “Project Rodeo”, o nome faz referência à missão de “domar” o veículo. A prática, que visa coletar mais dados, inclui a presença de pedestres desavisados, inclusive em ruas públicas durante a madrugada, onde pessoas alcoolizadas são observadas em locais de bares. Em situações extremas, motoristas afirmaram ter conduzido o carro por faixas de pedestres na Universidade de Stanford, testando o software em condições desafiadoras.
Relatos indicam que esses testes são realizados com a pressão de manter o sistema autônomo ativo o maior tempo possível. Os motoristas relataram que, embora não recebam instruções para desrespeitar leis, enfrentam críticas dos supervisores caso intervenham antes do necessário. Um motorista descreveu um momento em que o carro se aproximou perigosamente de um ciclista em uma rotatória, forçando-o a frear bruscamente. Surpreendentemente, o supervisor considerou a situação “perfeita”, elogiando o motorista pelo comportamento.
Especialistas em segurança veem a prática com cautela. Mark Rosekind, ex-administrador da Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário (NHTSA), mencionou a falta de regulamentações rigorosas para testes com veículos autônomos, apontando para a dependência de relatórios das próprias empresas. Philip Koopman, da Universidade Carnegie Mellon, criticou a abordagem da Tesla, considerando-a “irresponsável” e alertando que tais testes deveriam ocorrer em pistas controladas, para evitar riscos a terceiros que não consentiram com sua participação nesses experimentos.
Embora a Tesla informe que seus motoristas de teste devem manter o carro sob controle pelo maior tempo possível, a própria empresa recorda aos consumidores que o software Full Self-Driving (FSD) ainda exige supervisão ativa e não torna o veículo totalmente autônomo.
Texto adaptado de Business Insider pela nossa redação.