No primeiro dia de seu novo mandato na Casa Branca, Donald Trump reacendeu seu estilo polêmico ao sugerir que a Espanha faz parte do Brics — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e demonstrar surpresa com o papel do Brasil em negociações de paz na guerra da Ucrânia.
A confusão com o Brics
Em uma coletiva no Salão Oval, Trump criticou os baixos investimentos da Espanha em defesa, apontando que o país, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), não atinge a meta de 2% do PIB estipulada pela aliança. Em seguida, afirmou que a Espanha seria uma “nação Brics”.
— A Espanha gasta muito pouco. Eles são uma nação Brics. Você sabe o que é uma nação Brics? Você vai descobrir — disse Trump.
A declaração gerou perplexidade, já que nenhum país europeu integra o Brics. A ministra da Educação da Espanha, Pilar Alegría, refutou a afirmação.
— Não sei se foi confusão ou não, mas posso confirmar que a Espanha não está no Brics. Somos membros da Otan há mais de 40 anos e os EUA são um aliado natural — declarou.
Apesar disso, Trump reforçou sua posição de que os países da Otan deveriam investir mais em defesa, chegando a propor um aumento da meta para 5% do PIB, mais que o dobro do atual.
Desconfiança sobre o Brasil
Outro momento marcante da coletiva foi a reação de Trump ao ouvir sobre uma proposta conjunta entre Brasil e China para promover o diálogo entre Ucrânia e Rússia. O presidente americano demonstrou desconhecimento sobre o tema e questionou a inclusão do Brasil na iniciativa.
— Isso é novidade para mim. Como o Brasil foi envolvido nisso? — indagou.
Trump também destacou sua visão de superioridade nas relações com a América Latina, incluindo o Brasil.
— Eles precisam de nós muito mais do que precisamos deles. Não precisamos deles, eles precisam de nós.
Impactos e repercussões
As declarações de Trump no primeiro dia de governo sinalizam que ele continuará a adotar um estilo confrontador e polêmico, mesmo após prometer um discurso de posse “suavizado” e voltado para a união. O episódio com o Brics expõe um possível descuido ou estratégia retórica, enquanto os comentários sobre o Brasil e a América Latina refletem a tradicional visão de poder assimétrico dos EUA na região.
Embora as críticas e confusões de Trump já sejam recorrentes, os desdobramentos de suas declarações podem afetar as relações diplomáticas, especialmente em um momento em que o cenário global enfrenta desafios de segurança e cooperação.