China restringe exportações e atrapalha planos de diversificação da Apple e de outras empresas americanas

A intensificação das regulamentações de exportação na China, especialmente no que diz respeito a tecnologias classificadas como de uso duplo — que podem ser aplicadas tanto em contextos civis quanto militares —, tem criado obstáculos significativos para empresas como a Apple. A informação foi divulgada pelo Nikkei Asia, destacando como as medidas têm dificultado os esforços de expansão de negócios para outros países da Ásia, como Índia e Vietnã, em meio às tensões comerciais entre China e Estados Unidos.

Impactos na diversificação da cadeia de produção

Empresas americanas, como Apple, Microsoft e Google, são altamente dependentes de componentes e ferramentas produzidos na China. Contudo, relatos apontam que, desde agosto do ano passado, equipamentos enviados para fora do país têm enfrentado atrasos prolongados na alfândega. Muitos desses itens, embora não listados como de uso duplo, passam por revisões rigorosas devido a códigos semelhantes a produtos regulados.

Desde dezembro, os controles de exportação se tornaram ainda mais rígidos, resultando em paradas prolongadas de equipamentos sem justificativa clara. Esses atrasos têm comprometido os esforços de diversificação de produção de gigantes do setor tecnológico, que buscam reduzir sua dependência da China diante das crescentes tensões comerciais.

Tensões comerciais em escalada

Essas restrições chinesas são vistas como retaliação às ações dos Estados Unidos, que recentemente restringiram o acesso da China a chips avançados de inteligência artificial. Em resposta, o governo chinês limitou a exportação de materiais essenciais, como supercondutores. Especialistas afirmam que as tensões podem aumentar com a posse de Donald Trump, que já prometeu medidas tarifárias mais severas contra o país asiático. Essa dinâmica pode desacelerar ainda mais os planos de expansão de empresas americanas para mercados fora da China.

Produção nos EUA avança como alternativa

Em meio a esses desafios, a Apple e outras empresas têm acelerado esforços para diversificar sua produção não apenas na Ásia, mas também na América do Norte. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), parceira da Apple, está finalizando a produção de seus primeiros chips de ponta fabricados em território americano, na fábrica localizada no Arizona.

O primeiro lote de chips comerciais, baseado no A16 Bionic (de 4 nanômetros), deve ser produzido ainda neste trimestre. Após os testes finais de garantia de qualidade, a produção em massa terá início, com expectativa de que os chips estejam prontos para uso em três meses. A unidade já emprega mais de 2 mil pessoas e, segundo rumores, começou a trabalhar no desenvolvimento de um segundo chip para a Apple.

Perspectivas para o setor

Embora o avanço na fabricação doméstica de chips represente um passo importante para a diversificação, as restrições impostas pela China destacam os desafios globais para as cadeias de suprimentos. Com um cenário político e comercial cada vez mais polarizado, a dependência de tecnologias estratégicas continua sendo um ponto crítico para empresas como a Apple, que busca equilibrar inovação e competitividade em um mercado em constante transformação.

Compartilhar: