Maduro sugere uma reaproximação com os EUA, libertando prisioneiros americanos, enquanto a Casa Branca nega reconhecimento.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, defendeu um “novo começo” nas relações com os Estados Unidos, após receber o enviado especial americano Richard Grenell em Caracas. A reunião ocorreu dias depois de Donald Trump anunciar a suspensão do status de proteção temporária (TPS) que permitia a permanência de cerca de 600 mil venezuelanos no país norte-americano por razões humanitárias, parte de um plano que Trump descreveu como a “maior deportação em massa da História” dos EUA. Em 2024, os venezuelanos foram a terceira nacionalidade mais apreendida na fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Segundo informações do governo venezuelano, Maduro propôs uma “agenda zero” durante o encontro com Grenell, que chegou na capital venezuelana em um avião da Força Aérea dos EUA. A reunião contou com a participação da vice-presidente Delcy Rodríguez e do chefe do Parlamento, Jorge Rodríguez. Maduro enfatizou que qualquer acordo entre os dois países deveria ser alcançado por consenso, sem imposições.
As relações entre os dois países foram rompidas em 2019, quando os EUA reconheceram Juan Guaidó como “presidente interino” da Venezuela, após o boicote das eleições presidenciais pelo grupo opositor. No ano passado, o Departamento de Estado dos EUA reconheceu Edmundo González como vencedor da eleição presidencial, acusada de fraude pela oposição e por uma parte significativa da comunidade internacional. González, exilado em Madrid, esteve presente na posse de Trump.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, negou que a visita de Grenell implicasse em reconhecimento da vitória de Maduro, que começou seu terceiro mandato em janeiro. “Absolutamente não“, disse Leavitt, explicando que o objetivo principal era pressionar a Venezuela a aceitar a deportação de migrantes e a libertação de cidadãos americanos detidos no país.
O secretário de Estado, Marco Rubio, conhecido por sua postura anti-imigração, já havia criticado negociações anteriores de Biden com Maduro, especialmente quando sanções contra a indústria petrolífera venezuelana foram levantadas em troca de eleições livres, promessa não cumprida. As sanções foram reimpostas, mas de maneira mais branda.
Mauricio Claver-Carone, enviado especial dos EUA para a América Latina, declarou: “O presidente Trump espera que Nicolás Maduro aceite de volta todos os criminosos venezuelanos e membros de gangues que foram exportados para os Estados Unidos, e que o faça de forma inequívoca e incondicional.”
Texto adaptado de O Globo e revisado pela nossa redação.