Empresas chinesas se reorganizam para enfrentar as novas tarifas de Trump, buscando alternativas para manter sua competitividade global.
A recente imposição de tarifas por Donald Trump em seu segundo mandato presidencial trouxe de volta as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. A partir de 1º de fevereiro de 2025, uma taxa de 10% sobre produtos chineses foi implementada, desencadeando uma corrida entre as empresas chinesas para entender e se adaptar ao novo ambiente econômico.
Em uma fábrica de botas na costa leste da China, o Sr. Peng, gerente de vendas, reflete sobre o impacto das tarifas. Antes, a fábrica vendia um milhão de pares de botas por ano, mas após as tarifas de 15% de 2019, os pedidos caíram drasticamente, reduzindo o número de funcionários de mais de 500 para apenas 200. O dono da fábrica cogitou mover a produção para o Sudeste Asiático, mas a lealdade aos trabalhadores locais o fez hesitar.
A fábrica tenta agora reduzir custos enquanto enfrenta a realidade de que alguns compradores americanos estão considerando deslocar seus negócios para evitar as tarifas.Esta tendência de transferência de produção é evidente em outros setores também. Huang Zhaodong, um empresário chinês, abriu uma fábrica no Camboja para atender a demanda de grandes varejistas como Walmart e Costco. Este movimento é parte de uma estratégia mais ampla, onde o Camboja se tornou um destino popular para empresas chinesas, com cerca de 90% das fábricas de roupas no país sendo de propriedade ou operadas por chineses. A influência da China se expandiu ainda mais através da Iniciativa do Cinturão e Rota, ajudando a diversificar as rotas de exportação e a mitigar os efeitos das tarifas.A China enfrenta não apenas a retórica dura e as tarifas elevadas dos EUA, mas também de outros parceiros comerciais, como a União Europeia, que impôs tarifas sobre veículos elétricos chineses. Trump argumenta que essas medidas são necessárias devido às práticas comerciais “injustas” da China, embora Pequim advirta que uma guerra comercial não beneficiará ninguém.
Há uma esperança de que as tarifas possam servir como ponto de partida para negociações mais amplas. Trump pode buscar concessões, como maior controle sobre o fluxo de fentanil ou a venda da tecnologia do TikTok para uma empresa americana. No entanto, a incerteza persiste, com empresas chinesas navegando por um futuro econômico instável, tentando equilibrar a manutenção da produção dentro da China com a necessidade de explorar novas oportunidades no exterior.
Enquanto isso, o mundo observa como essas dinâmicas podem redefinir as relações comerciais entre as duas maiores economias globais. A resiliência e adaptação das empresas chinesas serão cruciais, mas a verdadeira questão é se os líderes de ambos os países conseguirão encontrar um caminho que não leve a uma guerra comercial ainda mais destrutiva.
Com informações de BBC