Cacau Show: Funcionários Denunciam Rituais e Assédio

Rituais Místicos na Sede da Empresa
Funcionários da Cacau Show, maior rede de franquias de chocolates do Brasil, com mais de 4 mil lojas, denunciaram práticas inusitadas na sede da empresa, em Itapevi (SP). Segundo relatos, em dias específicos, os colaboradores são obrigados a vestir roupas brancas para participar de cerimônias comandadas pelo CEO, Alexandre Tadeu da Costa, conhecido como Alê Costa. Nessas ocasiões, eles retiram os sapatos e entram em uma sala iluminada apenas por velas, onde Costa entoa cânticos e repete palavras em um ambiente solene, descrito como “místico”.
Denúncias de Assédio e Retaliação
De acordo com os funcionários, a recusa ou falta de entusiasmo nesses rituais pode levar a perseguições profissionais. Um documento protocolado no Ministério Público do Trabalho (MPT) detalha um ambiente de assédio moral, com relatos de gordofobia, homofobia e humilhações públicas. “A franqueadora tem mão de ferro, perseguindo e retaliando quem questiona os abusos”, afirma o texto, que inclui queixas de funcionários e franqueados. O clima de medo inibe denúncias, mas o perfil “Doce Amargura” nas redes sociais tem exposto essas práticas.
Contexto da Cacau Show
Fundada em 1988 por Alexandre Costa, a Cacau Show cresceu de uma pequena operação em São Paulo para um império de chocolates finos, superando marcas globais como a Rocky Mountain em 2008. Além de lojas, a empresa investe em fazendas de cacau e planeja um parque temático, inspirado na “Fantástica Fábrica de Chocolate”. Apesar do sucesso comercial, as denúncias revelam um lado sombrio, com relatos de um ambiente corporativo comparado a uma “seita” por franqueados e funcionários.
Resposta da Empresa
Em nota, a Cacau Show negou as alegações do perfil “Doce Amargura”, afirmando que é “uma marca construída com base na confiança mútua, no respeito e na conexão genuína com os franqueados”. A empresa não reconhece as práticas descritas e destacou seu compromisso com um ambiente de trabalho ético. No entanto, as denúncias no MPT seguem em investigação, com relatos de outros abusos, como pressões para que colaboradoras evitem gravidez, reforçando as acusações de um ambiente tóxico.
Impacto e Perspectivas
As acusações lançam luz sobre os desafios éticos em grandes corporações e o impacto de práticas corporativas não consensuais. O MPT deve apurar as denúncias, que também envolvem questões trabalhistas, como fornecimento inadequado de produtos a franqueados. Enquanto a Cacau Show planeja expandir sua produção de cacau com um investimento de R$ 1 bilhão, o caso pode afetar sua reputação, exigindo maior transparência e revisão de práticas internas.
Com informações de Metrópoles