O Partido dos Trabalhadores (PT) não se une de jeito nenhum. A recente imposição de uma candidatura para a prefeitura, certamente com dedo, mão e braço do ex-governador Ricardo Coutinho, sem considerar a participação democrática das instâncias locais e estaduais do partido, gerou descontentamento entre os dirigentes petistas.
Em nota pública, os dirigentes destacaram a importância de um projeto político nacional unificado e criticaram a falta de diálogo com a militância e os setores progressistas. Segundo a nota, a candidatura imposta não respeita as regras estatutárias do partido e não representa adequadamente o projeto petista, enfraquecendo a capacidade do partido de enfrentar a extrema-direita.
A seguir, a íntegra da nota pública:
[NOTA PÚBLICA DE DIRIGENTES PETISTAS]
O Partido dos Trabalhadores tem um grande desafio nas próximas eleições municipais. Será um momento muito importante para aferirmos a situação política do Brasil e o nível de embate com os setores conservadores e da extrema-direita. Para tanto, é necessário que a condução política tenha como estratégia a consolidação do projeto nacional, assim como agentes políticos capazes de unificar o partido nos milhares de municípios do país. Dessa forma, a participação das instâncias municipais, estaduais, grupos políticos locais, setoriais, tendências, agrupamentos e a militância petista são fundamentais para que o projeto seja colocado em prática.
Para a definição dos candidatos do nosso partido nos municípios, um calendário de atividades, encontros e prévias estava previsto. Mesmo sendo da nossa Direção Nacional a “última palavra” sobre tal posição, nem o direito estatutário da “primeira palavra” ou de opinar foi garantido às instâncias locais do PT de João Pessoa. Tudo isso divide o partido, além de enfraquecer e desestimular nossa militância.
Logo, no momento em que a candidatura a prefeito de João Pessoa é definida sem considerar a estratégia política nacional, a participação democrática das instâncias (estadual e municipal), a opinião dos filiados, além de nossas regras estatutárias, fica evidente que tal candidatura não representa o projeto petista e não cumprirá o papel de enfrentar fortemente a extrema-direita.
A imposição de uma candidatura que não respeita as regras e as instâncias locais do PT, sem diálogo com a esquerda e os setores progressistas, não será capaz de unificar o PT em João Pessoa, muito menos empolgar a militância e aqueles que têm a esquerda e o Governo Lula como referências.
Por fim, ao tempo em que acatamos a deliberação nacional, reafirmamos nosso compromisso com as transformações que Lula busca promover no Brasil. Mas é importante alertar que candidaturas impostas e que não representam os filiados do PT se configuram num erro tático que enfraquece o projeto nacional, podendo acarretar consequências graves para o nosso partido.