Apartamentos simbolizam status social na Coreia, influenciando cultura, mídia e debates sobre desigualdade econômica.
A forte obsessão cultural dos coreanos por imóveis, em especial a posse de apartamentos, é um reflexo das condições econômicas e sociais do país. Essa tendência está profundamente enraizada na sociedade, devido ao pequeno território da Coreia do Sul e à alta densidade populacional em áreas urbanas. Dados da Statistics Korea de abril de 2023 mostram que os imóveis representavam 78,6% dos ativos médios das famílias, percentual significativamente maior do que em outros países.
A crença de que “é essencial possuir uma casa” está consolidada no imaginário coletivo da Coreia e frequentemente aparece em sua cultura pop. Como as moradias mais comuns, compondo 52% das residências no país, os apartamentos são vistos como símbolos de estabilidade e status social.
Recentemente, o sucesso global de APT., single da cantora Rosé do BLACKPINK em parceria com Bruno Mars, reforçou o tema dos apartamentos na cultura pop coreana. Além disso, filmes, dramas e webtoons têm explorado esse cenário como pano de fundo para narrativas que abordam tensões sociais e econômicas.
No cinema, produções como Lucky, Apartment, 4bun 44cho e o aguardado The Berefts utilizam os apartamentos como cenários principais, onde histórias e conflitos se desenrolam. The Berefts, com estreia prevista para 20 de novembro, narra a história de Mun-ho (Im Hu-seong) e sua filha Go-eun (Lee Soo-jeong), que vivem de forma precária em motéis. Buscando estabilidade, Mun-ho arma um casamento falso entre Go-eun, que tem deficiência intelectual, e Do-kyung (Lee Do-jin), um trabalhador de baixa renda, para obter prioridade em programas de moradia.
Outro exemplo, Lucky, Apartment, lançado no mês passado, acompanha um casal LGBTQIA+ enfrentando problemas com um mau cheiro em seu apartamento financiado por dívida. Já 4bun 44cho utiliza o formato de terror para explorar o anonimato e a natureza isolada da vida em apartamentos, dando um tom sombrio ao cotidiano urbano.
Webtoons (quadrinhos feitos exclusivamente para a internet; alguns até com trilha sonora própria) também abordam a temática de forma intensa. A obra Deadly for the Property-Less, de Yugi, retrata a obsessão por propriedades imobiliárias e o impacto disso nas relações humanas. Na trama, Ji-ae vive em um apartamento de luxo em Seul, mas na verdade ocupa ilegalmente a residência de uma amiga falecida, ocultando sua morte para manter o status social.
De acordo com Moon Kwan-kyu, professor da Universidade Nacional de Pusan, o apartamento tem sido uma representação recorrente da vida coreana desde os anos 1960. “Hoje, eles simbolizam não apenas a classe média, mas a divisão entre ricos e pobres, tornando-se um cenário ideal para explorar desigualdades econômicas e sociais,” afirmou o acadêmico.
Essa ligação entre imóveis e classe social explica o fascínio contínuo do público por histórias que envolvem apartamentos, reforçando seu papel como ícones culturais e econômicos na Coreia.
Artigo traduzido do The Korea Times com auxílio de inteligência artificial, adaptado, revisado e enriquecido pela nossa redação.