A Iniciativa Cinturão e Rota, proposta pela China, oferece ao Brasil uma oportunidade estratégica para modernizar sua infraestrutura e promover a industrialização sustentável.
A integração do Brasil à Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR), liderada pela China, abre uma janela de oportunidades estratégicas para o país. O projeto global, que já recebeu mais de US$ 1 trilhão em investimentos ao longo da última década, foca em áreas essenciais como infraestrutura, tecnologia e educação, promovendo a cooperação internacional e o desenvolvimento sustentável. A ex-presidenta Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco do BRICS), destacou esses pontos em uma recente entrevista, onde afirmou que o Brasil poderia se beneficiar significativamente ao aderir a essa iniciativa.
A ICR tem mostrado sua capacidade de modernizar a infraestrutura dos países do Sul Global, investindo em rodovias, portos, aeroportos e redes de infraestrutura digital. Esses investimentos visam melhorar a logística, aumentar a competitividade das exportações e resolver deficiências em áreas como o fornecimento de água potável e o saneamento básico. No Brasil, onde grandes projetos muitas vezes enfrentam limitações financeiras e técnicas, essa parceria com a China pode acelerar o progresso em setores cruciais, conforme apontado por Rousseff.
Uma das principais questões enfrentadas pelo Brasil é a necessidade de reindustrialização. O crescimento econômico não pode continuar focado apenas na exportação de commodities agrícolas e matérias-primas. Para avançar no cenário internacional, o país precisa investir em inovação, tecnologia e industrialização. A Nova Rota da Seda apresenta-se como uma oportunidade para o Brasil trilhar esse caminho, oferecendo suporte técnico e financeiro para desenvolver sua economia de maneira mais equilibrada e sustentável.
Outro ponto relevante da ICR é que ela não demanda exclusividade nas parcerias. Isso significa que o Brasil poderia continuar a manter e expandir suas relações comerciais com outras potências globais, ao mesmo tempo em que aproveita os benefícios da cooperação com a China. Assim, o país poderia fortalecer sua posição no mercado internacional sem comprometer sua soberania ou limitar suas opções de cooperação.
A essência da Iniciativa Cinturão e Rota é a cooperação mútua baseada no princípio do “ganha-ganha”, visando o desenvolvimento compartilhado a longo prazo. A parceria entre Brasil e China no âmbito dessa iniciativa poderia resultar em uma série de avanços, desde a modernização de sua infraestrutura até a promoção de um crescimento econômico mais sustentável e diversificado.
Em um discurso durante o 3º Fórum Cinturão e Rota para Cooperação Internacional, realizado em Pequim, o presidente chinês Xi Jinping, criador da iniciativa, destacou o potencial de conectividade e cooperação entre os países participantes. “A Iniciativa, inspirada pela antiga Rota da Seda, visa fortalecer a conectividade em diversas áreas, como infraestrutura, comércio e finanças, promovendo o desenvolvimento global e criando novas oportunidades de cooperação internacional”, afirmou Xi. Ele também sublinhou que a ICR já se expandiu além da Eurásia, abrangendo mais de 150 países e mais de 30 organizações internacionais, incluindo nações da África e América Latina.
Para além das vantagens econômicas imediatas, a Iniciativa reflete uma nova abordagem de cooperação internacional, baseada na construção de uma Comunidade de Futuro Compartilhado. Xi enfatizou que a cooperação dentro do Cinturão e Rota transcende barreiras culturais e sociais, e que essa iniciativa representa uma busca conjunta pelo desenvolvimento de toda a humanidade. “Aprendemos que a humanidade é uma comunidade com futuro compartilhado. A China só está bem quando o mundo está bem. Quando a China está bem, o mundo pode ficar ainda melhor”, disse o líder chinês, reforçando que a ICR é uma iniciativa global que oferece benefícios tanto para os países participantes quanto para a China.
Desde sua criação em 2013, a ICR tem se mostrado um importante plano para enfrentar os desafios impostos pelo comércio global, desaceleração de investimentos, guerras econômicas e políticas de sanções. Ao adotar essa iniciativa, o Brasil teria a oportunidade de reforçar sua posição no cenário internacional, equilibrando suas relações externas e explorando novas oportunidades de transferência de tecnologia e desenvolvimento sustentável.
A Iniciativa do Cinturão e Rota pode ter origem na China, mas sua abrangência e impacto pertencem ao mundo, especialmente para países do Sul Global como o Brasil.
Artigo adaptado de Brasil 247, revisado pela nossa equipe de redação.