Diriyah, berço da nação saudita, passa por revitalização de US$ 64 bilhões para se tornar uma atração turística global, combinando cultura e sustentabilidade.
Nos últimos anos, a Arábia Saudita tem buscado firmar-se como um destino turístico emergente. Tradicionalmente conhecida pelas peregrinações a Meca e Medina, o país começou a atrair um público mais diversificado após a decisão do Rei Salman e do Príncipe Herdeiro Mohammed bin Salman, em 2019, de abrir suas portas ao turismo. A medida resultou na emissão de 55.000 vistos turísticos semanais entre 2019 e 2020, interrompida momentaneamente pela pandemia de covid-19. Em 2023, a Arábia Saudita registrou 100 milhões de visitas, sendo 73 milhões de turistas internos e 27 milhões internacionais.
No centro dessa transformação está Diriyah, um distrito histórico de tijolos de barro fundado há 300 anos e reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO. O local está passando por uma revitalização massiva, com um investimento de US$ 64 bilhões, abrangendo uma área de 11,3 milhões de metros quadrados. Em entrevista à Bloomberg Línea durante o FII Priority no Rio de Janeiro, Jerry Inzerillo, CEO do Diriyah Group, detalhou os planos ambiciosos do projeto, destacando a importância cultural e a sustentabilidade da nova Diriyah.
“Estamos construindo para fortalecer a cultura da Arábia Saudita,” disse Inzerillo. “Venha visitar onde a Arábia começou, veja nossa comida saudita, nossa dança, música e vestimentas tradicionais.” Ele enfatizou que Diriyah não será apenas uma celebração da herança saudita, mas uma cidade culturalmente rica e sustentável, projetada para ser caminhável e ecologicamente amigável, com capacidade para 100 mil residentes. “É como Beverly Hills em relação a Los Angeles, mas no meio de Riad,” comparou.
Além de Diriyah, a Arábia Saudita está desenvolvendo Neom, uma região futurística ao norte do país, na costa do Mar Vermelho. Com tamanho equivalente ao da Bélgica, Neom abrigará várias cidades, incluindo a inovadora “The Line”. “Neom mostrará como será a qualidade de vida nas próximas décadas,” disse Inzerillo. A região já se prepara para eventos globais, como os Jogos Asiáticos de Inverno de 2029, um feito notável para um país de clima desértico.
A visão ambiciosa do reino inclui a liderança em energias alternativas, com o objetivo de reduzir a dependência do petróleo, principal fonte de riqueza do país. Sob a liderança do Príncipe Herdeiro, a Arábia Saudita planeja que 50% de suas necessidades energéticas sejam atendidas por fontes não fósseis até 2030. Projetos em energia solar, eólica e hidrogênio verde estão em andamento, com investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento para tornar essas tecnologias mais acessíveis.
Durante sua visita ao Brasil, Inzerillo destacou a importância da troca de conhecimento entre as duas nações. “Estamos aprendendo com vocês sobre turismo, mineração e agricultura,” afirmou. O relacionamento entre o Brasil e a Arábia Saudita, segundo ele, será crucial para a liderança global do hemisfério sul nos próximos anos – o chamado Sul Global.
O fundo soberano da Arábia Saudita supervisiona a Diriyah Co, que pretende ser listada na bolsa de valores local até 2027, segundo Inzerillo.