Explorar os textos bíblicos é um verdadeiro desafio, especialmente quando confrontados com interpretações moldadas pela fé ao longo de 2000 anos. Contudo, muitos especialistas contemporâneos levantam questionamentos sobre a precisão histórica da crença nos 12 apóstolos de Jesus.
Segundo o historiador André Leonardo Chevitarese, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ideia dos 12 apóstolos pode ter sido uma construção simbólica, refletindo tradições como as 12 tribos de Israel, em vez de um relato literal.
A controvérsia sobre o número exato de apóstolos é agravada pelas diferenças entre as escrituras. Por exemplo, nas cartas de Paulo, há menções aos “doze” apóstolos, mas algumas versões sugerem “onze”, considerando a ausência de Judas Iscariotes após sua traição.
Além disso, os Evangelhos, escritos posteriormente, oferecem perspectivas distintas, influenciadas pelas comunidades cristãs primitivas e suas interpretações.
Chevitarese sugere que a ideia dos 12 apóstolos pode ter sido uma construção de Lucas para estabelecer hierarquias dentro da comunidade cristã primitiva, servindo para distinguir uma elite de seguidores de Jesus dos demais discípulos.
Em última análise, a polêmica sobre o número de apóstolos nos convida a uma reflexão profunda sobre a história do cristianismo primitivo e as complexidades de interpretar os textos sagrados em sua totalidade.