Decisão busca fortalecer a indústria nacional, mas gera preocupações com impacto nos preços e no acesso à energia solar.
O anúncio do aumento da alíquota de importação de painéis solares, de 9,6% para 25%, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), gerou reações divergentes no setor de energia solar. A medida, que entra em vigor em julho de 2025, tem como objetivo impulsionar a produção nacional de componentes como wafers e células fotovoltaicas, mas também levanta preocupações sobre seus possíveis efeitos nos preços e na competitividade do mercado.
Impacto no mercado e nos consumidores
Rafael Breno Rodrigues, gerente comercial da AVT Distribuidora Solar, acredita que, apesar do aumento da tarifa, a recente queda de mais de 30% nos preços dos sistemas fotovoltaicos em 2024 minimizará os impactos para o consumidor final. Segundo ele, o retorno do investimento em energia solar continuará atrativo.
Por outro lado, Lígia Ribeiro, diretora da New Force, destaca que a alta tarifária pode elevar os preços para níveis semelhantes aos observados no início de 2024, mas que os valores ainda serão acessíveis. Para ela, os efeitos reais da medida serão sentidos apenas no segundo semestre de 2025.
Críticas ao aumento da alíquota
Anderson Garcia, da Oriente Solar Energia Fotovoltaica, critica a decisão, afirmando que ela já afeta o mercado antes mesmo de entrar em vigor, desestimulando novos investimentos e gerando insegurança entre empresários. Ele também aponta uma possível contradição entre a medida e os compromissos ambientais assumidos pelo Brasil, que buscam ampliar o uso de fontes de energia limpa.
A Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) também se posicionou contra o aumento, alertando que a medida pode encarecer a tecnologia para todos os segmentos consumidores, ameaçando investimentos, empregos verdes e aumentando a inflação.
Visão da indústria nacional
Já a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) defende a medida, afirmando que ela é necessária para equilibrar a competitividade entre produtos nacionais e importados. A associação argumenta que, apesar do reajuste na alíquota, os preços dos módulos fotovoltaicos caíram mais de 60% nos últimos dois anos, permitindo que a mudança ocorra sem impacto significativo para os consumidores finais.
Desafios futuros
O aumento da alíquota reflete um desafio complexo: equilibrar o fortalecimento da indústria nacional com o compromisso de ampliar o acesso à energia solar no Brasil. Enquanto alguns veem a medida como um incentivo à produção local, outros alertam para possíveis consequências negativas no mercado e no cumprimento das metas ambientais do país.
Texto adaptado de Liberal e revisado pela nossa redação.