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Biden Proíbe Vendas de Software da Kaspersky nos EUA Devido a Laços com a Rússia

Administração Biden proíbe venda de software da Kaspersky nos EUA, citando riscos de segurança devido a laços com a Rússia. Medida afeta infraestrutura crítica e governos locais.

WASHINGTON, 20 de junho (Reuters) – A administração Biden anunciou na quinta-feira planos para proibir a venda do software antivírus da Kaspersky Lab nos Estados Unidos, citando os grandes clientes da empresa russa nos EUA, incluindo provedores de infraestrutura crítica e governos estaduais e locais.

De acordo com a Secretária de Comércio Gina Raimondo, a influência de Moscou sobre a Kaspersky representa um risco significativo. O software, que tem acesso privilegiado aos sistemas de computadores, poderia roubar informações sensíveis ou instalar malware, além de reter atualizações críticas, aumentando a ameaça.

“É evidente que a Rússia tem a capacidade e a intenção de explorar empresas russas como a Kaspersky para coletar e usar informações pessoais dos americanos como arma. É por isso que estamos tomando esta ação hoje,” afirmou Raimondo.

A Kaspersky Lab e a Embaixada Russa não responderam aos pedidos de comentário. Anteriormente, a Kaspersky afirmou ser uma empresa privada sem laços com o governo russo.

A nova regra, que utiliza poderes amplos criados pela administração Trump, será complementada com outra medida que adiciona três unidades da Kaspersky a uma lista de restrições comerciais, impactando a reputação da empresa e suas vendas no exterior.

O objetivo dessas ações é eliminar riscos de ciberataques russos decorrentes do software da Kaspersky, enquanto os Estados Unidos buscam pressionar Moscou em meio ao conflito na Ucrânia.

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“Não daríamos a um país adversário as chaves de nossas redes ou dispositivos. É absurdo permitir que software russo com acesso profundo continue sendo vendido para americanos,” disse o senador Mark Warner, presidente do Comitê de Inteligência do Senado.

As novas restrições, que incluem a proibição de downloads de atualizações de software, revendas e licenciamento do produto, entram em vigor em 29 de setembro, 100 dias após a publicação, para permitir que empresas encontrem alternativas. Novos negócios da Kaspersky nos EUA serão bloqueados 30 dias após o anúncio das restrições.

Vendas de produtos com a marca Kaspersky incorporada em software vendido sob outro nome também serão proibidas. O Departamento de Comércio notificará as empresas antes de tomar ações de fiscalização contra elas.

A lista de entidades do Departamento de Comércio incluirá duas unidades russas e uma britânica da Kaspersky, acusadas de cooperar com a inteligência militar russa para apoiar objetivos cibernéticos de Moscou.

A Kaspersky já enfrenta restrições de exportação dos EUA devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, mas a unidade britânica agora será efetivamente impedida de receber produtos de fornecedores americanos.

Pressão Crescente

A Kaspersky já estava na mira dos reguladores. Em 2017, o Departamento de Segurança Interna dos EUA baniu seu principal produto antivírus das redes federais, alegando laços com a inteligência russa e observando que a lei russa permite que agências de inteligência exijam assistência da Kaspersky e interceptem comunicações.

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Relatórios da mídia alegaram na época que a Kaspersky estava envolvida no roubo de ferramentas de hacking de um funcionário da Agência de Segurança Nacional dos EUA, que acabaram nas mãos do governo russo. A Kaspersky afirmou que encontrou o código acidentalmente e que terceiros não tiveram acesso a ele.

A pressão sobre os negócios da Kaspersky nos EUA aumentou após a invasão de Kyiv por Moscou. O governo dos EUA advertiu empresas americanas que a Rússia poderia manipular o software da Kaspersky para causar danos.

A guerra também levou o Departamento de Comércio a intensificar uma investigação de segurança nacional sobre o software, resultando na ação anunciada na quinta-feira.

Sob as novas regras, vendedores e revendedores que violarem as restrições enfrentarão multas do Departamento de Comércio. Violadores intencionais poderão enfrentar processos criminais do Departamento de Justiça. Usuários do software não enfrentarão penalidades legais, mas serão fortemente incentivados a parar de usá-lo.

A Kaspersky, que possui uma holding britânica e operações em Massachusetts, declarou em seu perfil corporativo que gerou receita de US$ 752 milhões em 2022, com mais de 220.000 clientes corporativos em cerca de 200 países. Entre seus clientes estão a fabricante italiana de veículos Piaggio, a divisão de varejo da Volkswagen na Espanha e o Comitê Olímpico do Catar.

Texto adaptado de Reuters.

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