Brasil, Colômbia e México pedem divulgação de atas eleitorais na Venezuela e defendem solução institucional para crise política, reiterando compromisso com a paz social e apoio ao diálogo. Texto adaptado de Paraíba Já.
Os governos do Brasil, Colômbia e México emitiram uma nota conjunta na noite desta quinta-feira (1º) solicitando a divulgação das atas eleitorais na Venezuela e a resolução do impasse eleitoral através das “vias institucionais”.
A crise política e social na Venezuela se intensificou após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarar a reeleição do atual presidente, Nicolás Maduro, nas eleições realizadas no domingo (28). A oposição alega fraude, afirmando que o verdadeiro vencedor foi o candidato oposicionista Edmundo González. Além da oposição venezuelana, outros países, como Argentina e Chile, e organismos internacionais também apontaram irregularidades no processo eleitoral, recusando-se a reconhecer os resultados.
O Brasil, há dias, vem pressionando o CNE para apresentar as atas eleitorais, que são os registros dos resultados de cada urna. No entanto, até agora, a autoridade eleitoral venezuelana, controlada por Maduro, não atendeu a esse pedido, mesmo após quatro dias da divulgação dos resultados.
Desde o início da semana, aguardava-se uma nota conjunta de Brasil, México e Colômbia, países com significativa influência regional e que têm adotado uma postura cautelosa frente à crise venezuelana.
“Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação”, declararam os três países na nota conjunta.
Antes da divulgação da nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma conversa remota com os presidentes Manuel Lopez Obrador, do México, e Gustavo Petro, da Colômbia, centrada na crise eleitoral venezuelana. A discussão começou por volta das 17h20 e durou cerca de 40 minutos, contando também com a participação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, do lado brasileiro.
Brasil, México e Colômbia mantêm sua posição de nem reconhecer nem refutar os resultados eleitorais, optando por esperar pela apresentação das atas.
‘Manter a paz social’
Os três países enfatizaram a importância de “manter a paz social e proteger vidas humanas” neste momento crítico. “Nesse contexto, fazemos um chamado aos atores políticos e sociais a exercerem a máxima cautela e contenção em suas manifestações e eventos públicos, a fim de evitar uma escalada de episódios violentos”, diz a nota.
Brasil, Colômbia e México também se colocaram à disposição para apoiar o diálogo entre o governo e a oposição venezuelana. “Que esta seja uma oportunidade para expressar, novamente, nosso absoluto respeito pela soberania da vontade do povo da Venezuela. Reiteramos nossa disposição para apoiar os esforços de diálogo e busca de acordos que beneficiem o povo venezuelano”, concluíram.