O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que o Brasil pode integrar a Nova Rota da Seda, iniciativa de infraestrutura liderada pela China, durante o seminário “Um Projeto de Brasil”, promovido por CartaCapital em Brasília no dia 14 de agosto. “Os chineses querem discutir conosco a Rota da Seda, vamos discutir. Não vamos fechar os olhos, vamos decidir o que tem para nós”, afirmou Lula no evento, que também marcou os 30 anos da revista CartaCapital. O projeto, oficialmente denominado Iniciativa Cinturão e Rota, envolve contratos de até 2 trilhões de dólares, com a adesão de cerca de 150 países.
A possível participação do Brasil na Nova Rota da Seda foi destacada como parte dos planos de integração nacional e regional, especialmente na área de infraestrutura. Segundo a ministra do Planejamento, Simone Tebet, o governo projeta cinco rotas de integração para facilitar o comércio com países vizinhos e, eventualmente, com a China, por meio do Oceano Pacífico. Essas rotas, distribuídas entre 11 estados fronteiriços, contemplam mais de 200 projetos, incluindo rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos.
As relações comerciais entre Brasil e China também foram ressaltadas durante o evento, uma vez que o comércio bilateral atingiu 157,5 bilhões de dólares em 2023, com as exportações brasileiras para o país asiático totalizando 105,7 bilhões de dólares, aproximadamente três vezes o valor das exportações para os Estados Unidos.
O evento abordou, ainda, a transição energética e as potencialidades do Brasil para liderar na produção de energias renováveis. Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, destacou a exploração de petróleo na Margem Equatorial como um recurso estratégico. O ministro salientou que, enquanto houver demanda mundial por combustíveis fósseis, o Brasil deve aproveitar suas reservas para financiar projetos sustentáveis. Viviana Coelho, da Petrobras, afirmou que, apesar do consumo global de petróleo estar diminuindo, novas fronteiras de exploração ainda são necessárias.
Morgan Doyle, representante do BID no Brasil, enfatizou a importância da integração física e comercial da América Latina para aumentar a competitividade global. Também foram discutidas estratégias para conservar a Amazônia e o papel de empresas no desenvolvimento de biocombustíveis. Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renováveis, destacou o potencial do Brasil para fornecer matéria-prima para combustíveis sustentáveis, como o querosene de aviação, citando a macaúba como um exemplo promissor.
A celebração dos 30 anos de CartaCapital reforçou o compromisso da revista com a democracia e o desenvolvimento do Brasil. Lula, presente na abertura, prestou homenagem a Mino Carta, fundador e diretor da publicação, que o presidente descreveu como “o mais importante jornalista vivo e em atividade do País”.
O ciclo de debates “Um Projeto de Brasil” contou com o apoio de instituições como Abragames, ApexBrasil, Banco do Brasil, Petrobras e Sesi.
Texto adaptado de CartaCapital e revisado pela nossa redação.