BREconomia

Câmara aprova texto-base do Mover, com taxação de 20% sobre “blusinhas”; votação segue

Dispositivo que prevê taxação federal sobre compras internacionais de até US$ 50 foi motivo de embate entre os deputados; governo precisou entrar em campo para negociar com a CâmaraCâmara fechou um acordo com o Palácio do Planalto para prever que o projeto estabeleça uma alíquota de cobrança de 20% sobre os importados até US$ 50Câmara fechou um acordo com o Palácio do Planalto para prever que o projeto estabeleça uma alíquota de cobrança de 20% sobre os importados até US$ 50 28/05/2024 – Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (28) o texto-base do projeto de lei que cria o programa nacional Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que prevê incentivos à indústria automotiva.

Para que a votação seja concluída, os deputados ainda precisam analisar os chamados destaques, que são sugestões de mudança ao conteúdo da proposta.

O texto tem enfrentado resistência entre os deputados. Isso porque o relator do projeto, deputado Átila Lira (PP-PI), incluiu um “jabuti” sobre a taxação federal sobre compras internacionais de até US$ 50.

Após dias de negociação, a cúpula da Câmara fechou um acordo com o Palácio do Planalto para prever que o projeto estabeleça uma alíquota de cobrança de 20% sobre itens importados até o valor de US$ 50.

Atualmente, importações de até US$ 50 são isentas de impostos.

Mover

O programa Mover foi criado pelo governo em dezembro passado, por meio de uma medida provisória. Por isso, a iniciativa vigora desde que foi instituída, mas as regras começam a valer somente após aprovação do Congresso.

Leia Também!  PF espera concluir investigações sobre atos de 8 de janeiro até novembro, diz diretor-geral

O projeto tem como objetivo apoiar:

  • o desenvolvimento tecnológico;
  • a competitividade global;
  • a descarbonização; e
  • a inovação de automóveis, caminhões e autopeças.

Créditos financeiros

O Mover prevê R$ 19,3 bilhões de créditos financeiros entre 2024 e 2028, que poderão ser usados pelas empresas para abater impostos federais em contrapartida a investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e projetos de produção.

O projeto também destaca um investimento de R$ 3,5 bilhões em créditos financeiros, já neste ano, para que as empresas invistam em descarbonização.

O programa também prevê a criação do Fundo Nacional para Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT), com recursos voltados a este mercado.

Ao conceder créditos financeiros às empresas, a iniciativa vai observar nos projetos a geração de produtividade e de competitividade e a promoção de mão-de-obra qualificada. Os créditos serão relativos a dispêndios em P&D no país, realocação de unidades industriais, bem como equipamentos e aparelhos.

Importação abaixo de US$ 50

O dispositivo que trata da taxação de importações até US$ 50 é considerado como um “jabuti” entre os deputados, quando trechos estranhos ao texto original são incluídos em uma proposta.

O assunto tem gerado discussões desde 2023 e não é consenso dentro do Congresso Nacional.

No ano passado, o Ministério da Fazenda chegou a sinalizar que acabaria com a isenção, mas após pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a pasta comandada por Fernando Haddad voltou atrás.

Leia Também!  PF espera concluir investigações sobre atos de 8 de janeiro até novembro, diz diretor-geral

A isenção de até US$ 50 foi mantida e, como contrapartida, as empresas internacionais tiveram de aderir ao programa Remessa Conforme, da Receita Federal. Para compras de qualquer valor ficou fixada a incidência de 17% de ICMS.

No fim de abril, durante a entrega do texto que regulamenta a reforma tributária, o secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, afirmou que compras internacionais, incluindo remessas de até US$ 50, serão taxadas com a alteração no sistema tributário.

Compartilhar: