Hackers exploram vulnerabilidades em painéis solares, expondo falhas na infraestrutura energética global.
O avanço das energias renováveis trouxe benefícios significativos para o meio ambiente, mas também gerou uma nova preocupação: a segurança cibernética. Recentemente, um consultor de segurança cibernética, Vangelis Stykas, demonstrou como painéis solares podem ser usados como porta de entrada para ataques hackers. De sua casa na Grécia, com um notebook e um celular, Stykas contornou sistemas de segurança em painéis solares conectados a redes globais, expondo falhas que podem comprometer a estabilidade elétrica.
Ataques à infraestrutura energética em alta
Com o crescimento exponencial da energia solar, cada painel conectado à rede elétrica se torna um ponto vulnerável. Segundo a Agência Internacional de Energia, o número de ataques semanais a empresas do setor dobrou em dois anos. A União Europeia, por exemplo, registrou mais de 200 ataques cibernéticos a infraestruturas de energia em 2023.
As motivações variam: desde extorsões financeiras, como o roubo de dados bancários no Japão, até estratégias militares, como observado na guerra na Ucrânia. No caso das energias renováveis, a complexidade das redes e a conectividade dos dispositivos abrem novas possibilidades para ações maliciosas.
O impacto no Brasil
No Brasil, a energia solar tem ganhado espaço rapidamente. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a capacidade instalada saltou de 37.837 MW em 2023 para 45.736 MW em julho de 2024, representando mais de 19% da matriz elétrica nacional. Esse avanço abrange tanto grandes usinas quanto sistemas residenciais e comerciais, mas também coloca o país diante do desafio global de equilibrar expansão e segurança cibernética.
Esforços para mitigar riscos
A OTAN e a União Europeia têm promovido simulações, como Locked Shield e Cyber Europe, para identificar e corrigir vulnerabilidades em infraestruturas renováveis. Além disso, empresas estão implementando correções de software e a Comissão Europeia estabeleceu prazos de 18 meses para o fortalecimento da segurança de sistemas.
Apesar desses esforços, especialistas alertam que a rápida expansão da energia limpa pode comprometer a segurança cibernética caso essa questão não seja prioritária. A transição energética deve considerar, além de eficiência e custos, a proteção contra ameaças digitais em um cenário cada vez mais conectado.
Garantir a segurança da infraestrutura energética é um dilema urgente para um mundo que depende, cada vez mais, de tecnologias renováveis e interconectadas.