Pandemia Submarina: Patógeno Mortal Ameaça Recifes de Coral em Todo o Mundo

Cientistas identificaram um parasita ciliado como responsável por uma pandemia submarina devastadora, dizimando ouriços-do-mar e ameaçando a sobrevivência dos recifes de coral. O surto já atingiu o Mar Vermelho e a ilha da Reunião, com riscos de propagação para o Oceano Pacífico. Especialistas correm contra o tempo para conter o avanço da doença e preservar a biodiversidade marinha.


Os oceanos enfrentam uma ameaça invisível, mas devastadora. Um patógeno identificado como um parasita ciliado está causando a morte em massa de ouriços-do-mar, organismos essenciais para a manutenção dos recifes de coral. A situação preocupa cientistas, pois a rápida disseminação da doença pode comprometer ecossistemas marinhos inteiros.

A pesquisa, liderada pelo Dr. Omri Bronstein da Universidade de Tel Aviv e publicada na revista Ecology, revelou que o surto se espalhou pelo Mar Vermelho e atingiu a ilha da Reunião, no Oceano Índico. Agora, os especialistas temem que o patógeno alcance o Oceano Pacífico, onde se encontram alguns dos recifes mais importantes do planeta.

Essa não é a primeira vez que os ouriços-do-mar enfrentam uma ameaça desse tipo. Em 1983, uma doença semelhante devastou populações no Caribe, causando um colapso na saúde dos recifes. O problema ressurgiu em 2022, atingindo novamente o Caribe, e no ano seguinte o Dr. Bronstein registrou mortalidades em massa de ouriços-do-mar de espinhos longos no Mar Vermelho. Em algumas áreas, a taxa de mortalidade chegou a 100%, um número alarmante.

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Os ouriços-do-mar desempenham um papel fundamental nos recifes de coral. Conhecidos como os ‘jardineiros’ desses ecossistemas, eles evitam a proliferação excessiva de algas, que podem sufocar os corais ao bloquear a luz necessária para sua sobrevivência. Sem esses organismos, os recifes podem se transformar em desertos biológicos, impactando toda a cadeia alimentar marinha e as comunidades humanas que dependem desses ecossistemas para pesca e proteção costeira.

A equipe de pesquisa utilizou ferramentas genéticas para confirmar que o mesmo parasita é responsável pelas mortes registradas no Mar Vermelho e na ilha da Reunião. Esse dado reforça o caráter pandêmico da doença, que apresenta taxas de mortalidade superiores a 90% em áreas críticas para os recifes. Para monitorar a propagação do patógeno, foi criada uma rede internacional de cientistas, que trabalha na coleta de amostras e análise de novas infecções.

Além do monitoramento, esforços para conter a crise incluem um programa de reprodução de ouriços-do-mar no Aquário de Israel, em Jerusalém. A iniciativa, desenvolvida em parceria com o Zoológico Bíblico e a Autoridade Israelense da Natureza e Parques, busca criar uma reserva genética para repovoamento das áreas afetadas.

Outro avanço promissor é o desenvolvimento de testes de detecção precoce, apelidados de ‘testes COVID submarinos’. Esses exames permitem identificar a presença do parasita em amostras de água do mar, possibilitando respostas rápidas para evitar novas ondas de mortalidade.

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A crise dos ouriços-do-mar também levanta preocupações sobre o impacto das mudanças climáticas na disseminação de doenças marinhas. O aumento da temperatura dos oceanos, a acidificação da água e a alteração das correntes marítimas podem favorecer a proliferação de patógenos, tornando os organismos marinhos mais vulneráveis a infecções. Com temperaturas mais altas, os ciclos de vida dos parasitas se aceleram, aumentando sua taxa de reprodução e facilitando sua disseminação por diferentes regiões do planeta.

A comunidade científica alerta que esta pandemia submarina pode ser apenas um prenúncio de novos desafios ecológicos. A degradação dos recifes de coral tem impactos profundos na biodiversidade e nas populações costeiras, tornando urgente a implementação de medidas de conservação e combate às doenças marinhas. Enquanto os pesquisadores correm contra o tempo para encontrar soluções, resta a incerteza sobre até onde essa pandemia pode chegar e quais serão suas consequências para os oceanos e para o planeta.


Texto adaptado de Ecology e revisado pela nossa redação.

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