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Cientistas Utilizam Técnica CRISPR para Estudar Peixe Africano e Avançar em Pesquisas sobre Longevidade


Cientistas dos Estados Unidos e da Alemanha estão investigando o peixe killifish africano (Nothobranchius furzeri) usando a técnica de edição genética CRISPR, na esperança de desvendar segredos que possam ajudar no combate a doenças relacionadas à idade e promover a longevidade. O estudo foi relatado pelo Science Alert.

O killifish azul-turquesa, nativo de regiões semi-áridas da África, possui uma capacidade única de sobrevivência. Seus embriões podem entrar em um estado de animação suspensa, conhecido como “diapausa”, durante longos períodos de seca. Neste estado, o desenvolvimento dos embriões é interrompido logo após a formação inicial do cérebro e do coração, permitindo que eles aguardem o retorno das chuvas antes de retomar seu crescimento normal.

Através da técnica CRISPR, os pesquisadores descobriram que essa habilidade do killifish é possível devido à utilização de genes antigos presentes em seu genoma. Esses genes, datados de mais de 473 milhões de anos, foram cooptados pelo killifish para desenvolver a capacidade de diapausa, apesar de a espécie ter adquirido essa habilidade apenas há cerca de 18 milhões de anos. Anne Brunet, bióloga molecular da Universidade de Stanford, explicou que “os genes especializados na diapausa são realmente antigos”.

Os genes especializados em diapausa são parálogos, ou seja, pares de genes duplicados no ancestral comum de todos os vertebrados. No killifish, um gene de cada par é ativado durante a diapausa, enquanto seu par correspondente é ativado no restante do tempo. Esta organização genética permite que os embriões do killifish produzam ácidos graxos de cadeia muito longa, protegendo seu genoma de danos durante a diapausa.

Param Priya Singh, bioinformático da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e o biólogo computacional Adam Reeves, da Universidade de Stanford, lideraram o estudo que revelou como esses genes remodelaram o metabolismo lipídico do peixe para permitir a diapausa. Singh destacou que “killifish são as únicas espécies de vertebrados conhecidas que podem sofrer diapausa tão tarde no desenvolvimento”, com cérebros em formação e corações que param de bater e depois retomam a atividade.

A descoberta dessa tática de sobrevivência pode ter implicações significativas para os seres humanos. Os pesquisadores sugerem que a estratégia do killifish pode ser aplicada para desenvolver intervenções baseadas em lipídios que promovam a preservação de tecidos a longo prazo e combatam doenças relacionadas à idade. Isso abre novas possibilidades para avanços na medicina regenerativa e nos estudos sobre longevidade.

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