Brincos, tambores, ornamentos nasais e projéteis são exemplos de artefatos que, ao longo da história, têm confundido arqueólogos. Suas formas elaboradas e decorações complexas oferecem pistas intrigantes, mas são pistas que permanecem incompletas.
No amplo domínio da arqueologia, continuam a surgir descobertas que deixam perguntas sem resposta, mesmo entre os mais renomados especialistas: apesar dos avanços tecnológicos, alguns artefatos ainda desafiam nosso entendimento atual de práticas antigas.
Bolas neolíticas da Escócia
As esferas de pedra cuidadosamente esculpidas, encontradas principalmente na Escócia em sepulturas e assentamentos, são datadas do Neolítico, entre 3200 e 2500 a.C. Decoradas com padrões que variam de espirais a formas concêntricas, elas raramente são idênticas ou fazem parte de um conjunto.
Apesar de sua antiguidade e evidências de manuseio, o propósito original das esferas permanece um mistério. Harlow conjectura se seriam projéteis para afugentar predadores e pragas, armas de guerra, brinquedos, ou talvez pesos para medição, ornamentos domésticos, dispositivos mnemônicos, rolamentos para deslocar megalitos ou suportes para fios em teares.
Dodecaedros romanos
Outro mistério são os dodecaedros datados entre os anos 43 e 410, na Grã Bretanha ocupada pelos romanos. Encontrados nas províncias noroeste do antigo império, eles são manufaturados em diversos tamanhos com liga de cobre. Fascinantes na forma, quase nunca apresentam sinais de desgaste que possam sugerir um uso específico, e a ausência de menções na arte ou literatura antigas sela seu mistério.
Tambores neolíticos de giz
Em 1889, na tumba de uma criança em Folkton, norte de Yorkshire, Inglaterra, foram descobertos três cilindros de giz esculpidos. Sua decoração geométrica sugere o que parecem ser olhos, narizes e sobrancelhas.
Em 1993 e 2015, outros dois objetos foram encontrados em diferentes áreas da Inglaterra, um simples e outro altamente decorado. Um dos tambores de giz foi datado entre 3005 e 2890 a.C. Apesar de serem chamados de tambores, é improvável que tenham sido utilizados como instrumentos de percussão, pois não apresentam sinais de desgaste mecânico.
Algumas tentativas foram feitas para associar suas gravações a observações astronômicas. No entanto, o fato de estarem localizados junto a crianças cuidadosamente enterradas sugere que uma explicação mais sensível é necessária.
“Anéis-fechadura” da Idade do Bronze
A Idade do Bronze, entre 1000 e 800 a.C., é notável pelos seus trabalhos de ourivesaria excepcionais. Alguns dos “anéis-fechadura” encontrados, frequentemente aos pares, na Irlanda, Reino Unido e em partes da França, são simples, enquanto outros apresentam gravações geométricas delicadas.
Houve hipóteses de serem brincos, ornamentos nasais ou para cabelo. No entanto, Natasha Harlow considera essa explicação insatisfatória, argumentando que “diversos elementos do seu design os tornariam difíceis ou desconfortáveis para usar”.
Almofarizes cosméticos romano-britânicos
Compostos por um morteiro alongado e um pilão em forma de bastão ou curvado, como uma gangorra, os almofarizes cosméticos de liga de cobre da Grã-Bretanha remontam de 100 a.C. a 200 d.C., durante o domínio romano.
Alguns têm formas que lembram aves aquáticas e bovinos, enquanto os motivos fálicos de outros evocam associações com a fertilidade. Eles eram provavelmente usados para preparar medicamentos, afrodisíacos, cosméticos ou narcóticos: o mistério reside não na função, mas no conteúdo, que ainda não foi possível identificar.
Um lembrete aos arqueólogos amadores: ao encontrar objetos semelhantes, resistam à tentação de limpá-los e encaminhem-nos diretamente a um especialista.
Fonte: DW