O consumo de eletricidade da Google, maior que o de muitos países, é vital para a manutenção de seu domínio no mercado de buscas e publicidade.
Em meio ao processo antitruste movido pelo Departamento de Justiça dos EUA e 11 estados contra a Google, uma característica fundamental da empresa foi ressaltada: seu enorme consumo de eletricidade. Em 2019, a gigante da tecnologia consumiu cerca de 12,4 terawatt-horas de eletricidade, um volume maior que o utilizado por países como Sri Lanka e Zâmbia.
O processo visa frear o domínio da Google nos mercados de serviços de busca, publicidade e buscas gerais. Para manter esse domínio, a Google depende de uma infraestrutura colossal de energia elétrica. A empresa tem se expandido vertiginosamente, e seu consumo de eletricidade dobra a cada três anos.
Infraestrutura Energética
A Google opera como uma verdadeira concessionária de energia integrada verticalmente, controlando quase todos os aspectos de sua operação. Ela possui até mesmo sua própria frota de geradores elétricos. Esse controle é comparável ao monopólio da Standard Oil de John D. Rockefeller, que controlava todas as etapas da produção e distribuição de petróleo.
Para evitar qualquer interrupção em seus data centers, a Google e outras grandes empresas de tecnologia, como Apple, Amazon, Facebook e Microsoft, constroem suas próprias redes elétricas, com geradores a diesel, baterias e tanques de combustível, capazes de operar por horas ou dias sem depender da rede elétrica local.
Investimentos em Energia Renovável
A fim de melhorar sua imagem ambiental, a Google investiu mais de 3.700 megawatts em capacidade de geração de energia renovável. Embora a empresa alegue que “compensa” todo o seu consumo de energia com fontes renováveis, na prática, seus data centers, como o de Pryor, Oklahoma, ainda dependem majoritariamente de fontes não renováveis fornecidas pela Grand River Dam Authority.
Crescimento Contínuo
Entre 2015 e 2018, o consumo de eletricidade da Google aumentou cerca de 23% ao ano. Em 2019, estima-se que a empresa tenha usado aproximadamente 12,4 terawatt-horas de energia. Esse consumo supera o de mais de 100 países e é comparável ao de estados norte-americanos como Maine.
Apesar das tentativas de regulamentação e processos legais, a expansão da Google e das outras grandes empresas de tecnologia parece inevitável. Com investimentos recentes de US$ 13 bilhões nos EUA e planos de gastar mais de US$ 3 bilhões em novos data centers na Europa, a demanda por eletricidade continuará crescendo.
O processo antitruste ainda está em fase inicial, e não está claro quais medidas específicas serão tomadas para limitar o poder da Google. Entretanto, é evidente que, na economia digital, o poder da informação está intrinsecamente ligado ao consumo de energia.
Texto adaptado de Robert Bryce.