Sob a liderança do economista libertário Javier Milei, a Argentina reduziu significativamente a inflação e estabilizou o valor do dólar em meio a um cenário econômico desafiador.
Quando Javier Milei assumiu a presidência da Argentina em dezembro de 2023, o país enfrentava uma inflação mensal de quase 13%, que dobrou em questão de meses. O dólar paralelo, conhecido como “dólar azul”, também disparou, aumentando 25% até o final de janeiro de 2024. A economia estava em colapso, e os argentinos temiam um retorno à hiperinflação ou às crises políticas do passado.
No entanto, dez meses após o início de seu mandato, Milei conseguiu reduzir a inflação para 3,5% ao mês, o menor nível em três anos, e estabilizar o dólar paralelo em valores próximos aos de janeiro. Apesar de críticas, sua abordagem austera e controversa gerou resultados surpreendentes na macroeconomia.
O plano de Milei
Milei atacou diretamente a principal causa da inflação: a emissão descontrolada de moeda pelo Banco Central. Com cortes drásticos nos gastos públicos — cerca de um terço das despesas totais —, ele eliminou o déficit fiscal e alcançou um superávit, algo raro na história recente da Argentina. Além disso, desvalorizou o peso oficial para alinhá-lo ao câmbio de mercado, diminuindo os passivos remunerados do Banco Central.
Essas medidas, segundo economistas como Miguel Boggiano, eliminaram a pressão inflacionária ao reduzir a quantidade de dinheiro em circulação e estabilizaram o mercado cambial.
Resultados e críticas
Embora tenha alcançado feitos significativos, como a estabilização do dólar e a redução da inflação, Milei enfrenta críticas sobre a sustentabilidade de sua política econômica. Especialistas, incluindo ex-aliados como Carlos Rodríguez, apontam que o uso de títulos do Tesouro para adiar pagamentos de juros pode mascarar déficits financeiros e criar riscos futuros.
A ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner criticou a estratégia de acumulação de dívida pública, alertando para uma possível “explosão” financeira.
Impacto social e econômico
Apesar das melhorias na macroeconomia, os argentinos ainda enfrentam graves dificuldades. Mais da metade da população vive em situação de pobreza, e a economia sofreu uma contração significativa. No entanto, Milei aposta na continuidade de seu plano de “déficit zero” para consolidar os avanços e reduzir ainda mais a inflação nos próximos anos.
Seus aliados destacam que a estabilização do dólar é um marco importante, enquanto opositores questionam se as medidas são sustentáveis no longo prazo. O mercado, por sua vez, projeta uma desaceleração gradual da inflação, embora em níveis ainda altos.
Enquanto o debate persiste, Milei segue confiante em sua abordagem, afirmando que está “saindo do inferno” e conduzindo a Argentina rumo à estabilidade econômica.
Artigo adaptado de BBC e revisado pela nossa redação