Empresas de computação quântica registram altas expressivas, mas comentários de Jensen Huang, da Nvidia, freiam otimismo do mercado.
As ações de empresas de computação quântica vinham experimentando uma valorização extraordinária nos últimos dias, impulsionadas por apostas de que a tecnologia pode representar a próxima grande revolução da era da inteligência artificial (IA).
Contudo, Jensen Huang, CEO da Nvidia, trouxe um tom mais cético ao setor ao afirmar que o uso comercial de computadores quânticos ainda está distante. Em uma conversa com analistas durante a Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas, Huang estimou que seriam necessários pelo menos 15 anos para viabilizar a tecnologia, com um cenário mais provável em torno de 30 anos.
“Se dissermos 20 anos, acho que muitos de nós acreditaríamos ser possível”, declarou Huang, destacando que, para atingir esse estágio, seria necessário multiplicar por um milhão o número de unidades de processamento atuais.
As declarações do executivo impactaram fortemente as ações do setor. A Rigetti Computing, conhecida por desenvolver chips quânticos e bastante popular entre investidores, viu seus papéis caírem mais de 40%. Apesar do tombo, a empresa ainda acumula alta de mais de 1.600% nos últimos 12 meses. Outras companhias, como a Quantum Computing e a D-Wave Quantum, também sofreram quedas superiores a 40%, mas mantêm ganhos de mais de 1.000% e 600%, respectivamente, no acumulado do último ano.
O entusiasmo com a computação quântica aumentou após o Google anunciar, em dezembro, avanços significativos na área com seu chip Willow. Segundo a empresa, a nova tecnologia permite resolver em apenas 5 minutos problemas que levariam 10 septilhões de anos para serem solucionados pelo supercomputador mais avançado da companhia. Essa notícia elevou as ações de diversas empresas do setor, como a Rigetti, cujos papéis quintuplicaram de valor no mês passado, e a D-Wave, que registrou alta de 178%.
No entanto, Alan Baratz, CEO da D-Wave Quantum, rebateu as declarações de Huang, afirmando que a computação quântica já é uma realidade comercial. “Não daqui a 30 anos, não daqui a 20 ou 15 anos, mas hoje”, disse Baratz em entrevista à CNBC, mencionando que empresas como Mastercard e NTT Docomo já utilizam a tecnologia.
Apesar disso, a D-Wave ainda apresenta números modestos. No último trimestre, a empresa faturou apenas US$ 1,9 milhão, enquanto seu valor de mercado é de US$ 1,6 bilhão, segundo dados divulgados.
Texto adaptado de Braziljournal e revisado pela nossa redação.