Tecnologia

Contratos militares se tornam nova corrida do ouro para gigantes da IA

Sam Altman começou a desenvolver IAs com o objetivo de 'beneficiar a humanidade como um todo' Foto: Benedikt von Loebell

Fonte; Estradão (adaptação)

Empresas de tecnologia estreitam laços com o Departamento de Defesa dos EUA, em meio a bilhões de dólares em jogo.

As gigantes da tecnologia que desenvolvem inteligência artificial (IA) estão redirecionando seus esforços para o setor de defesa dos EUA, marcando uma mudança estratégica significativa. Empresas como OpenAI, Google, Meta, Anthropic e Mistral, além de startups como ScaleAI e Gladstone AI, estão buscando ou aprofundando parcerias com o Departamento de Defesa. Essa aproximação ocorre em um momento em que o custo de desenvolvimento e operação de IA generativa ultrapassa centenas de bilhões de dólares, pressionando as companhias a buscar retornos financeiros em mercados mais robustos e estáveis.

Mudança de paradigma: da aversão ao alinhamento com a defesa

Até recentemente, muitas dessas empresas evitavam envolvimento militar devido à pressão de engenheiros e desenvolvedores com posições políticas contrárias ao uso bélico de suas criações. Um exemplo marcante foi a polêmica do Projeto Maven, do Pentágono, que levou a Google a abandonar uma iniciativa de análise de imagens capturadas por drones após críticas internas. Contudo, as prioridades mudaram: o mercado de defesa, com orçamentos praticamente ilimitados e um apetite por inovação tecnológica, agora representa uma oportunidade valiosa.

Erica Brescia, sócia-gerente da Redpoint Ventures, destaca que esses contratos não só oferecem receitas substanciais, como também criam perspectivas de longo prazo. A crescente aceitação social do envolvimento com o setor militar reflete uma “mudança no cenário político”, que torna a defesa uma estratégia atrativa para empresas dispostas a lidar com processos burocráticos complexos e ciclos de vendas mais longos.

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O retorno financeiro e as oportunidades no setor de defesa

Empresas como Palantir e Anduril já fazem dos contratos militares a espinha dorsal de seus negócios. Agora, outras gigantes buscam seguir o mesmo caminho. Segundo a Fortune, o Departamento de Defesa já investiu cerca de US$ 1 bilhão em contratos com empresas de IA nos últimos dois anos. Embora os detalhes sejam escassos, esses valores sinalizam um potencial bilionário, especialmente para grandes players como Microsoft e Amazon, cujas infraestruturas em nuvem (Azure e AWS) são amplamente utilizadas pelo governo.

A Microsoft, por exemplo, investiu anos para adequar sua plataforma Azure aos rigorosos padrões de segurança do Departamento de Defesa, permitindo o uso dos modelos da OpenAI em ambientes de segurança restrita. De forma semelhante, a Amazon tem consolidado sua posição como um dos principais provedores de serviços para o Pentágono.

As aplicações práticas da IA militar

Embora o imaginário popular associe IA militar a drones autônomos e armamentos futuristas, grande parte do uso atual é menos glamorosa e mais pragmática. A IA é empregada em tarefas como coleta e organização de dados, análise de informações sensíveis e suporte à cibersegurança. Ferramentas como ChatGPT e Claude, adaptadas para ambientes militares, oferecem apoio na análise de informações confidenciais e na automação de tarefas rotineiras. Além disso, tecnologias de visão computacional e robótica são testadas para aprimorar o desempenho de drones, tanques e equipamentos autônomos.

Apesar das preocupações éticas, algumas empresas ajustaram suas políticas internas para permitir o trabalho militar. A OpenAI, por exemplo, abandonou restrições anteriores, enquanto a Meta flexibilizou o uso do modelo Llama para projetos de defesa. Essa reavaliação é impulsionada tanto pela necessidade financeira quanto por um novo consenso entre executivos de que colaborar com o governo é, afinal, uma forma de “defender os interesses nacionais”.

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O papel estratégico da IA no futuro da defesa

A IA está entre as 14 áreas tecnológicas críticas definidas pelo Departamento de Defesa dos EUA. Para garantir avanços, foi criado o Office of Strategic Capital (OSC), que alocou quase US$ 1 bilhão em 2024 para financiar projetos de robótica, semicondutores e chips de IA. Além disso, o governo investirá mais US$ 700 milhões na fabricação doméstica de semicondutores, considerados vitais para manter a competitividade tecnológica.

Embora muitos produtos de IA ainda não sejam totalmente úteis no contexto militar, seu potencial é inegável. Aplicações bem-sucedidas podem acelerar inovações e criar novas soluções, assim como a ARPANET, precursora da internet moderna, desenvolvida dentro do Departamento de Defesa.

Conclusão: a aliança entre tecnologia e defesa

O fortalecimento dos laços entre as gigantes da IA e o setor de defesa dos EUA simboliza uma convergência de interesses econômicos, políticos e tecnológicos. A corrida pelo domínio da IA não é apenas uma competição entre empresas, mas também uma disputa geopolítica, com os Estados Unidos e a China como protagonistas. Diante disso, o envolvimento das empresas com o Departamento de Defesa não é apenas uma escolha estratégica, mas uma resposta à crescente demanda por tecnologias capazes de moldar o futuro dos conflitos e da segurança global.

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