A defesa de Jair Bolsonaro entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um e-mail como evidência de que o ex-presidente foi formalmente convidado para a posse de Donald Trump, marcada para 20 de janeiro. O e-mail foi enviado pelo domínio info@t47inaugural.com, pertencente ao “T47 Inaugural”, uma entidade privada encarregada da organização cerimonial do evento.
Bolsonaro, que está com o passaporte retido devido às investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2023, busca liberação do documento para viajar aos Estados Unidos. O STF já rejeitou pedidos semelhantes da defesa em 2024.
O que é o “T47 Inaugural”?
O “T47 Inaugural” é uma organização sem fins lucrativos criada exclusivamente para planejar e executar as atividades da posse presidencial. Essa prática é tradicional nos Estados Unidos, onde comitês privados ligados ao presidente eleito cuidam da programação oficial.
O nome “T47” faz referência ao sobrenome de Trump e ao fato de ele assumir o cargo como o 47º presidente dos EUA. Esse número foi amplamente utilizado durante a campanha republicana, inclusive em slogans e projetos apresentados como parte da chamada “Agenda 47”.
Os responsáveis pela organização incluem o empresário Steve Witkoff, que atuou em um comitê de recuperação econômica no primeiro mandato de Trump, e a ex-senadora Kelly Loeffler, uma aliada política de destaque. Ambos foram escolhidos pelo próprio Trump para liderar o comitê, com Loeffler assumindo também o comando da Small Business Administration (SBA) no próximo governo.
Conteúdo do e-mail e contexto jurídico
A mensagem, datada de 8 de janeiro, foi enviada ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e apresentada pela defesa como prova de que o convite à posse foi oficializado. No entanto, o STF, representado pelo ministro Alexandre de Moraes, havia solicitado um documento formal e definitivo que comprovasse o chamamento.
A defesa argumenta que o e-mail recebido já cumpre os requisitos de um convite oficial, uma vez que foi enviado diretamente pelo comitê organizador. Entretanto, a apresentação de um e-mail como prova pode gerar questionamentos, dado que eventos dessa magnitude costumam envolver notificações diplomáticas e cerimoniais mais formais.
Além disso, o prazo para a posse de Trump e a tentativa de liberação do passaporte tornam o caso sensível, considerando o contexto político e jurídico em que Bolsonaro está inserido.
Implicações e reações
O convite à posse de Trump, caso validado pelo STF, pode ser interpretado como um gesto diplomático simbólico que reforça a relação entre Bolsonaro e o ex-presidente americano. Porém, as restrições judiciais impostas ao ex-presidente brasileiro geram incertezas sobre sua presença no evento.
O Estadão tentou confirmar a autenticidade do convite diretamente com o comitê “T47 Inaugural”, mas não obteve resposta. A decisão do STF sobre o caso pode estabelecer um precedente importante sobre o tratamento jurídico de convites informais em meio a restrições legais.
Adaptação de artigo publicado pelo Estadão