2024 foi marcado por avanços em IA, descobertas arqueológicas e progresso na medicina.
Em 2024, a evolução da inteligência artificial (IA) continuou a transformar o cenário médico e científico. Com sua rápida expansão, a IA permitiu que várias equipes de pesquisa realizassem descobertas significativas, desde o desenvolvimento de novos medicamentos até aplicações em saúde e pesquisa ambiental.
Uma das descobertas mais intrigantes do ano veio do deserto de Nazca, no Peru. Utilizando IA e drones, arqueólogos japoneses identificaram 303 geoglifos previamente desconhecidos. Esses achados, publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Science, adicionam um novo capítulo ao mistério das linhas de Nazca, visíveis apenas do ar.
Na área da neurociência, cientistas conseguiram mapear completamente o cérebro de uma mosca-das-frutas, identificando cada um dos 130 mil neurônios e suas 50 milhões de conexões. Este avanço, considerado um “enorme salto” para a compreensão do cérebro humano, foi detalhado na revista Nature. “Quais são as conexões? Como os sinais fluem através do sistema que nos permite processar as informações para reconhecer seu rosto, que permite ouvir a minha voz e traduzir estas palavras em sinais elétricos?”, questionou Gregory Jefferis, do Conselho Nacional de Pesquisas Médicas de Cambridge.
No campo da oncologia, 2024 trouxe esperança com o desenvolvimento de vacinas personalizadas baseadas em RNA mensageiro (mRNA) para combater o câncer. Estes testes clínicos, realizados em diversos países como o Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Espanha e Suécia, mostraram resultados promissores ao treinar o sistema imunológico para reconhecer e destruir células cancerígenas, utilizando a mesma tecnologia das vacinas contra a covid-19.
O Prêmio Nobel de Química de 2024 foi concedido por avanços na engenharia de proteínas, com David Baker criando novos tipos de proteínas e Demis Hassabis e John Jumper desenvolvendo um modelo de IA para prever suas estruturas complexas. Estas contribuições foram descritas pelo Comitê do Nobel como as “engenhosas ferramentas químicas da vida”.
A IA também fez avanços na radiologia com a ferramenta Mia, que analisa mamografias para detectar câncer de mama que pode ser negligenciado pelos médicos. Mia avaliou cerca de 10 mil mamografias e identificou sinais em 11 pacientes previamente não diagnosticados, aumentando as chances de sobrevivência para tumores menores. “Não há dúvida de que os radiologistas clínicos da vida real são essenciais e insubstituíveis, mas um radiologista clínico que utilize ferramentas de inteligência artificial será, cada vez mais, uma força formidável no atendimento aos pacientes”, afirmou Katharine Halliday, presidente do Colégio de Radiologistas do Reino Unido.
No espaço, a descoberta de água líquida em Marte por meio dos dados do módulo Insight da NASA revelou a existência de água suficiente para formar oceanos, embora acessível apenas a profundidades de 11,5 a 20 km. Isso pode ajudar a entender o ciclo de água em Marte e a possível existência de vida. “Sem água líquida, não há vida”, explicou o professor Michael Manga, da Universidade da Califórnia em Berkeley.
Por fim, 2024 também marcou um ponto de alerta climático com a temperatura global ultrapassando 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais pela primeira vez durante um ano inteiro. Este aumento foi associado a eventos climáticos extremos como inundações, secas, ondas de calor e incêndios. “Isso está totalmente acima do aceitável”, declarou o professor Bob Watson, ex-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas.
Texto traduzido e adaptado de BBC e revisado pela nossa redação.