Bolsas de NY despencam com tarifas de 145% à China e aversão ao risco; Dow, S&P 500 e Nasdaq recuam forte.
Os principais índices acionários de Nova York encerraram o pregão desta quinta-feira, 10 de abril de 2025, com quedas expressivas, pressionados por um cenário de crescente aversão ao risco. O movimento de baixa ganhou força após a Casa Branca confirmar, durante a tarde, a imposição de tarifas de 145% sobre produtos chineses, intensificando a guerra comercial entre as duas maiores economias globais. A medida gerou incertezas e abalou a confiança dos investidores, refletindo-se em perdas significativas nos mercados americanos.
No fechamento, o Dow Jones registrou uma queda de 2,50%, atingindo 39.593,66 pontos. O S&P 500 recuou 3,46%, finalizando em 5.268,05 pontos, enquanto o Nasdaq, mais ligado ao setor de tecnologia, caiu 4,31%, fechando a 16.387,31 pontos. Entre os setores, apenas o de bens de consumo básico escapou do vermelho, com leve alta de 0,19%. Por outro lado, os segmentos de energia e tecnologia foram os mais atingidos, com perdas de 6,4% e 4,55%, respectivamente.
Setores e empresas mais impactados
Ações de gigantes da tecnologia sofreram fortemente com o clima de incerteza. A Tesla despencou 7,27%, a Nvidia caiu 5,91% e a Meta registrou baixa de 6,74%. No setor de mídia, as tensões comerciais também pesaram: a China anunciou cortes nas importações de filmes americanos, impactando empresas como Warner, que caiu 12,53%, e Disney, com recuo de 6,79%. Esses números refletem a reação imediata do mercado às decisões políticas e suas consequências econômicas.
Análise de risco e perspectivas
Um relatório do Goldman Sachs destacou que os mercados já vinham sinalizando riscos elevados desde o início do ano. Segundo o banco, a probabilidade de uma correção nos índices acionários ultrapassou 35%, impulsionada por um cenário macroeconômico enfraquecido e pela instabilidade nas políticas econômicas. Os analistas alertam para a possibilidade de quedas mais acentuadas e volatilidade persistente no curto prazo, mas apontam que intervenções do Federal Reserve poderiam, historicamente, favorecer recuperações mais rápidas.
Dados econômicos ofuscados
Apesar da divulgação de indicadores econômicos nos Estados Unidos, como o CPI (índice de preços ao consumidor) com alta de 0,1% em março e os pedidos de seguro-desemprego em 223 mil na semana — ambos alinhados às expectativas —, o foco dos investidores permaneceu na escalada das tensões comerciais. Esses números, que poderiam trazer alívio em outro contexto, foram eclipsados pelo impacto das tarifas e pela deterioração do apetite por risco.