China e EUA na América Latina: disputas, avanços e a posição do Brasil

Análise: Redação Movimento PB

A crescente disputa entre China e Estados Unidos pela influência na América Latina tem se intensificado nos últimos anos, com impactos diretos para países da região. Enquanto Washington adota uma postura mais combativa e, por vezes, coercitiva, Pequim avança com investimentos estratégicos e parcerias econômicas de longo prazo. Nesse cenário, o Brasil, a maior economia do continente, se vê diante do desafio de equilibrar seus interesses sem pender excessivamente para um dos lados.

O avanço chinês e o desgaste dos EUA

Os Estados Unidos historicamente trataram a América Latina como uma área de influência direta, reforçando essa visão com políticas como a Doutrina Monroe e iniciativas como a Aliança para o Progresso. No entanto, a relação entre Washington e seus vizinhos tem sido marcada por altos e baixos, especialmente após a ascensão de Donald Trump, que impôs tarifas comerciais, desdenhou de parcerias multilaterais e adotou um discurso mais isolacionista.

Enquanto isso, a China avançou silenciosamente. Investimentos em infraestrutura, mineração, telecomunicações e energia tornaram Pequim um parceiro preferencial para muitos países latino-americanos. O comércio com a China disparou, e os laços foram reforçados com a adesão de várias nações da região à Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês).

O Brasil, por exemplo, tem na China seu principal parceiro comercial. O país asiático é o maior comprador de commodities brasileiras, incluindo soja e minério de ferro, além de ter investido pesadamente em setores estratégicos, como energia e transporte.

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O Brasil no meio do jogo geopolítico

Diante desse embate global, o Brasil tem buscado uma posição de equilíbrio. Durante o governo de Jair Bolsonaro, a relação com a China oscilou, com declarações críticas por parte de figuras do governo, mas sem impactos profundos no comércio bilateral. Com Luiz Inácio Lula da Silva, a relação voltou a ser priorizada, resultando na assinatura de dezenas de acordos com Pequim em 2024.

Entretanto, a proximidade com a China não significa um afastamento total dos EUA. O Brasil continua interessado em manter boas relações com Washington, especialmente no campo tecnológico e industrial. O desafio está em evitar uma dependência excessiva de qualquer um dos lados e manter autonomia na formulação de políticas econômicas e externas.

O futuro da América Latina no tabuleiro global

O embate entre China e EUA na América Latina não mostra sinais de arrefecimento. A influência chinesa segue crescendo, impulsionada por investimentos e pragmatismo diplomático, enquanto os EUA tentam reagir, reformulando suas estratégias para não perder terreno.

Para o Brasil, a chave será continuar navegando nesse jogo geopolítico sem comprometer sua soberania econômica e política. Em um mundo cada vez mais polarizado, a habilidade de manter múltiplas parcerias será um diferencial estratégico para o futuro da região.


Redação com informações de BBC, Reuters e El Pais

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