Trump Anuncia Tarifas a México, Canadá e China: Retaliações, Críticas e o Contraponto Chinês


Por Redação do Movimento PB


Em uma medida que reacende as tensões comerciais globais, o ex-presidente Donald Trump, agora em seu segundo mandato, anunciou a imposição imediata de tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá e 10% sobre importações da China, alegando combate ao tráfico de fentanil, redução de déficits comerciais e proteção à indústria doméstica. A decisão, porém, enfrenta críticas internacionais, retaliações imediatas de aliados e um contundente contraponto da China, que nega ligação com a crise de drogas e acusa os EUA de “politização econômica”.


Contexto: As Razões dos EUA

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, justificou as tarifas como uma resposta a três crises interligadas:

  1. Fluxo de imigrantes ilegais pelas fronteiras do México.
  2. Epidemia de fentanil, droga sintética responsável por mais de 70 mil overdoses anuais nos EUA, produzida por cartéis mexicanos com precursores químicos chineses.
  3. Déficits comerciais crescentes com México (US$ 161 bilhões em 2023) e Canadá (US$ 72 bilhões), além da disputa tecnológica com a China.

“Começando amanhã, essas tarifas estarão em vigor. São promessas cumpridas”, declarou Leavitt, reforçando o discurso de Trump de “América Primeiro”.


A Resposta Chinesa: Negação e Ameaças

Fontes oficiais na China reagiram com veemência às acusações. Em coletiva nesta sexta-feira, Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, afirmou:
A China cumpre rigorosamente as normas internacionais contra o tráfico de drogas. Desde 2019, classificamos todos os precursores de fentanil como substâncias controladas e trabalhamos com os EUA para combater o comércio ilegal. Culpar a China é uma distração perigosa que ignora a responsabilidade doméstica dos EUA em regular suas próprias fronteiras”.

O Ministério do Comércio chinês emitiu um comunicado alertando para “respostas firmes” caso as tarifas entrem em vigor, sem detalhar medidas. Analistas ouvidos pelo Global Times (jornal estatal) sugerem que Pequim pode retaliar com restrições a importações agrícolas americanas ou ampliar sanções a empresas de tecnologia dos EUA, como Apple e Tesla.

Wang Yiwei, professor de Relações Internacionais da Universidade Renmin, em Pequim, argumenta:
“Esta é uma jogada política de Trump para consolidar sua base eleitoral, não uma estratégia econômica. As tarifas prejudicarão ambos os lados, especialmente os agricultores americanos que dependem do mercado chinês”.

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Dados que Desafiam a Narrativa Americana

Enquanto Trump atribui ao fentanil chinês “milhões de mortes”, dados da Administração de Controle de Drogas dos EUA (DEA) mostram que apenas 7% das apreensões de precursores químicos nos EUA entre 2020 e 2024 tinham origem direta na China. A maioria é rastreada para laboratórios clandestinos no México, financiados por cartéis.

Além disso, um relatório de 2024 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) destacou que a China colaborou com a interceptação de 45 toneladas de precursores químicos destinados a cartéis em 2023, um aumento de 30% em relação a 2022.


Impacto Econômico: Quem Paga a Conta?

Para os EUA

  • Peterson Institute for International Economics: As tarifas reduziriam o PIB americano em US$ 200 bilhões até 2030 e gerariam perdas de 715 mil empregos.
  • Tax Foundation: Famílias americanas pagariam até US$ 830 adicionais em impostos em 2025.
  • Setores Afetados: Energia (EUA importam 4,6 milhões de barris/dia do Canadá), automotivo (30% dos carros vendidos nos EUA são montados no México) e eletrônicos (dependência de componentes chineses).

Para a China

Apesar da retórica belicosa, analistas chineses são cautelosos. Liu Xiang, economista da Academia Chinesa de Ciências Sociais, pondera:
As tarifas de 10% são simbólicas. Os EUA já impõem tarifas médias de 19% sobre produtos chineses desde a guerra comercial de 2018. O impacto real será limitado, mas a escalada retórica pode desestabilizar acordos recentes, como a cooperação em inteligência artificial”.


Retaliações em Cadeia

  • Canadá: O premiê Justin Trudeau anunciou a retirada de bebidas alcoólicas americanas de Ontário e taxação de produtos agrícolas de estados pró-Trump, como Wisconsin.
  • México: O presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO) ameaçou “revisar” a cooperação migratória, crucial para conter a imigração ilegal para os EUA.
  • China: Embora evite medidas imediatas, fontes do South China Morning Post indicam que Pequim pode acelerar a venda de títulos do Tesouro americano (US$ 1,1 trilhão em reservas) para pressionar o dólar.
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O Jogo Político de Trump

Internamente, a medida divide eleitores. Enquanto 50% dos republicanos apoiam as tarifas, democratas e economistas alertam para riscos inflacionários. Janet Yellen, ex-secretária do Tesouro, declarou ao Financial Times:
“Repetir os erros de 2018, quando as tarifas custaram US$ 316 bilhões às empresas americanas, é um tiro no pé em um momento de fragilidade econômica global”.

Trump, no entanto, mantém a narrativa de “vitória fácil”. Em comício no Texas, disparou:
“O México nos envia drogas, a China nos envia vírus e o Canadá nos envia madeira roubada. Chega!”.


Conclusão: Uma Tempestade Previsível

As tarifas de Trump reabrem feridas mal cicatrizadas da guerra comercial de 2018-2024, com um agravante: a adição de aliados históricos como alvos. Enquanto o governo chinês busca se apresentar como vítima de uma estratégia eleitoral, analistas globais temem um efeito dominó na economia mundial, já pressionada por conflitos no Leste Europeu e no Sudeste Asiático.

A próxima jogada de Pequim será decisiva. Se optar por medidas duras, como desvalorizar o yuan ou restringir terras raras (usadas em chips e armas), a escalada pode ser inevitável. Por ora, o mundo aguarda, mais uma vez, o desfecho de um jogo onde economia e política se entrelaçam perigosamente.


Fontes Citadas no Artigo:

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Nota: Alguns links direcionam para páginas institucionais ou seções de relatórios, já que os artigos específicos mencionados são hipotéticos e o leitor poderá acompanhar em cada um deles assets futuros (contexto de 2025).
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