Eleições parlamentares antecipadas na França podem resultar em um governo de “coabitação” entre Macron e a extrema direita.
Os eleitores na França participam neste domingo (29) do primeiro turno das eleições parlamentares antecipadas. Esta votação pode resultar na dissolução da aliança centrista do presidente Emmanuel Macron, levando-o a uma coexistência política com a extrema direita nos próximos três anos de seu mandato presidencial.
A votação, que inicia às 8h (3h de Brasília) e termina às 20h (15h de Brasília), ocorre após os eleitores dos territórios franceses terem votado no sábado. Este processo eleitoral de dois turnos, com a próxima fase marcada para 7 de julho, elegerá os 577 membros da Assembleia Nacional em uma disputa distrital.
Convocadas três anos antes do previsto, as eleições surgem após a derrota do partido Renascença de Macron para o partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen, nas recentes eleições para o Parlamento Europeu. Logo após essa derrota, Macron declarou que não poderia ignorar a mensagem dos eleitores e tomou a decisão “séria e pesada” de convocar eleições antecipadas, as primeiras no país desde 1997.
Governo de “Coabitação” Possível
Independentemente do resultado, Macron afirmou que permanecerá no cargo até as próximas eleições presidenciais em 2027. A Assembleia Nacional é responsável pela aprovação de leis internas, enquanto o presidente decide a política externa, europeia e de defesa.
Quando o presidente e a maioria no parlamento pertencem ao mesmo partido, o governo funciona de maneira coesa. Caso contrário, o governo pode paralisar, um cenário preocupante para Paris, que se prepara para sediar os Jogos Olímpicos no próximo mês.
O último governo de “coabitação” na França ocorreu quando o presidente de direita, Jacques Chirac, foi forçado a nomear o socialista Lionel Jospin como primeiro-ministro, após eleições antecipadas.
Eleição em Dois Turnos
O primeiro turno elimina os candidatos menos votados, com apenas aqueles que obtiverem mais de 12,5% dos votos podendo avançar para o segundo turno, no próximo domingo (7). Normalmente, a disputa final é entre dois candidatos, mas pode envolver três ou quatro. Alguns candidatos podem desistir para favorecer aliados.
Os eleitores tendem a escolher entre três blocos principais: a aliança de extrema direita liderada pelo RN, a Nova Frente Popular (NFP) de esquerda, e o conjunto centrista de Macron.
Lideranças e Perspectivas
O bloco RN é liderado por Jordan Bardella, escolhido por Le Pen para liderar o partido, que historicamente foi marcado por racismo e antissemitismo sob a liderança de seu pai, Jean-Marie Le Pen. A ideia de um governo de extrema direita na França, antes impensável, agora se apresenta como uma possibilidade real, com Bardella podendo se tornar o primeiro-ministro e o mais jovem da Europa em dois séculos.
À esquerda, a Nova Frente Popular une diversos partidos para formar uma coalizão contra a extrema direita, inspirada na Frente Popular que impediu a ascensão fascista em 1936. Entre seus membros estão figuras radicais como Jean-Luc Mélenchon e líderes moderados como Raphael Glucksmann.
Do lado centrista, o primeiro-ministro Gabriel Attal, nomeado por Macron em janeiro, representa a aliança Ensemble. Attal foi um dos últimos do círculo íntimo de Macron a saber sobre as eleições antecipadas.
As urnas fecharão às 20h (15h de Brasília), com as primeiras bocas de urna sendo divulgadas imediatamente. Resultados completos são esperados na segunda-feira (1º).
Texto adaptado de CNN Internacional