Um estudo conduzido pela LCA Consultoria e MTempo Capital aponta que o Brasil corre o risco de perder aproximadamente R$ 7,5 trilhões até 2050 caso haja uma convergência global em direção à eletrificação de veículos. Essa perda abrangeria não apenas o setor produtivo, mas também a arrecadação de impostos e a quantidade de empregos no país. Os dados foram divulgados no relatório “Trajetórias tecnológicas mais eficientes para a descarbonização da mobilidade”.
De acordo com o estudo, apresentado em um evento da Esfera Brasil em Brasília pelo ex-presidente do BNDES e sócio da MTempo Capital, Luciano Coutinho, o Brasil está mais preparado para um cenário de massificação dos veículos bioelétricos, conhecidos como elétricos híbridos a etanol, do que para a eletrificação total da frota. Esse debate sobre os tipos de veículos elétricos tem sido central na indústria automobilística global, que busca acelerar sua descarbonização.
Além de trazer mais benefícios para a economia brasileira, o estudo ressalta que os veículos bioelétricos são mais eficientes na redução de emissões de carbono em comparação aos elétricos. Na análise de toda a cadeia de produção, os híbridos saem em vantagem, pois a montagem de placas maiores nos veículos 100% elétricos e a produção da energia que os alimenta são mais poluentes do que a cadeia produtiva dos bioelétricos.
Entretanto, o levantamento destaca que essa relação pode mudar com o avanço tecnológico ao longo do tempo, reduzindo os impactos ambientais na produção e avançando na limpeza da matriz elétrica, principalmente em países da Europa e da Ásia, que têm uma grande participação de usinas termelétricas a carvão.
A perda com a eletrificação é atribuída ao menor volume de peças e partes necessárias para os veículos elétricos, além da falta de indícios de que o Brasil possa se tornar um receptor de investimentos para a produção local de baterias, o que o deixaria dependente da importação desse componente.
Em um cenário global voltado para os veículos bioelétricos, o Brasil teria um ganho de R$ 3,5 trilhões na produção, arrecadação de impostos e impactos no PIB.
“Os resultados do estudo indicam que o cenário com predominância de veículos híbridos, além de propiciar redução expressiva das emissões de gases de efeito estufa, tende a impulsionar a economia brasileira e promover a criação de empregos de forma mais dinâmica, em comparação com os demais cenários, pois se preservam os elos da cadeia produtiva e se acrescentam novas tecnologias”, concluiu Coutinho.