Um recente estudo aponta que pessoas que utilizam semaglutida — comercializada como Ozempic, Wegovy e Rybelsus — podem ter um risco aumentado de desenvolver uma doença ocular grave. A pesquisa, realizada ao longo de seis anos com 17 mil pacientes, sugere que usuários desses medicamentos para diabetes tipo 2 têm quatro vezes mais chance de serem diagnosticados com a doença em comparação a quem não os utiliza. Para aqueles que tomam a semaglutida para tratar a obesidade, o risco é sete vezes maior.
Dados do Estudo
- Pacientes com diabetes tipo 2 em uso de semaglutida: 17 casos de neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIA-NA).
- Pacientes com diabetes tipo 2 em outros tratamentos: 6 casos.
- Pacientes com sobrepeso e obesidade em uso de semaglutida: 20 casos.
- Pacientes com sobrepeso e obesidade em outros tratamentos: 3 casos.
Os pesquisadores, no entanto, não conseguiram confirmar que a semaglutida é diretamente responsável pelo problema ocular e não esclareceram os motivos para a diferença de risco entre os grupos.
Reação da Farmacêutica
A Novo Nordisk, fabricante da semaglutida, reconheceu as limitações do estudo e destacou que a segurança dos pacientes é uma prioridade. A empresa também mencionou que a neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica não é listada como uma reação adversa conhecida para a semaglutida e apontou que fatores como o tempo de diabetes e hábitos como fumar não foram considerados no estudo.
Contexto do Uso e Efeitos Colaterais
A semaglutida é usada em diferentes dosagens e formas para tratar diabetes tipo 2 e obesidade. Embora eficaz na perda de peso e controle da glicemia, o medicamento pode causar efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarreia e constipação. Problemas de visão, incluindo a NOIA-NA, são listados como efeitos colaterais graves na bula dos medicamentos Ozempic e Wegovy.
Importância de Estudos Futuros
Joseph Rizzo, autor do estudo e professor de oftalmologia em Harvard, enfatiza a necessidade de pesquisas futuras para avaliar melhor essas questões em uma população maior e mais diversa. O Royal College of Ophthalmologists, no Reino Unido, recomenda que os pacientes que utilizam semaglutida sejam informados sobre os riscos de desenvolver doenças oculares, mesmo que a probabilidade seja baixa.
Conclusão
Graham McGeown, professor honorário de fisiologia na Queen’s University Belfast, ressalta a importância de equilibrar os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos com seus benefícios, especialmente considerando o aumento rápido no uso de semaglutida. Estudos adicionais são essenciais para compreender plenamente os riscos e garantir a segurança dos pacientes.