Câncer de próstata é o segundo mais comum entre homens no Brasil. Especialistas destacam que fatores como idade e genética não são preveníveis, mas enfatizam a importância do diagnóstico precoce.
O câncer de próstata, o segundo mais comum entre homens no Brasil, apresenta desafios significativos para a prevenção devido aos fatores de risco não modificáveis, como a idade e a genética. Em 2023, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou 71.730 novos casos da doença, com 16.300 óbitos registrados em 2021. Esses dados sublinham a necessidade de vigilância constante, apesar da dificuldade em prevenir os principais fatores de risco.
No episódio deste sábado (10) do programa “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista”, o Dr. Roberto Kalil conversa com o professor William Nahas, titular de Urologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e presidente do Conselho Diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), e o oncologista Diogo Assed Bastos, do Hospital Sírio-Libanês.
Entre os principais fatores de risco para o câncer de próstata está a idade avançada. A incidência e a mortalidade aumentam significativamente após os 60 anos, como indicado pelo Inca. Além disso, a predisposição genética também desempenha um papel crucial; ter um pai ou irmão com a doença antes dos 60 anos eleva a probabilidade de desenvolvimento do câncer.
Diogo Assed Bastos ressalta que “a maior parte dos casos está relacionada à idade, genética e ancestralidade, fatores que não podem ser prevenidos. Melhorar condições como obesidade e sedentarismo pode ajudar, mas não resolve o problema.”
Embora a prevenção total não seja possível devido aos fatores genéticos e etários, a modificação de fatores de risco relacionados ao estilo de vida continua sendo importante. A realização de exames de rotina é fundamental para o diagnóstico precoce da doença. Dados recentes da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostram que menos de 40% dos homens com mais de 50 anos fizeram exames de próstata no último ano, e 36% nunca realizaram exames de toque retal, PSA (Antígeno Específico da Próstata) ou ultrassonografia, as principais ferramentas para a detecção da doença.
O diagnóstico precoce é crucial para identificar o câncer em estágios iniciais, quando os sintomas ainda não são evidentes. “O câncer de próstata mudou muito na sua apresentação. Na década de 80, a maioria dos pacientes apresentava sintomas avançados, como dores ósseas e dificuldades urinárias. Hoje, temos um marcador sanguíneo que pode alertar para problemas na próstata antes que eles se tornem evidentes”, explica William Nahas.
Apesar de alterações no exame de PSA não confirmarem automaticamente a presença de câncer, elas indicam a necessidade de uma avaliação mais detalhada. “Está comprovado que o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura. A doença detectada em estágio inicial e localizada oferece melhores perspectivas de tratamento, com menores efeitos colaterais”, afirma Bastos.
O avanço nos tratamentos também contribui para melhores resultados, com técnicas modernas de cirurgia e radioterapia que apresentam maior sucesso e menos sequelas comparadas ao passado.