Pesquisadores chineses descobriram fósseis de bois arbustivos na China, sugerindo que essa espécie se originou na Eurásia antes de migrar para a América do Norte.
Pesquisadores chineses identificaram pela primeira vez fósseis de bois arbustivos em regiões da Eurásia, com a descoberta de duas espécies no norte da China. Os fósseis foram encontrados nas bacias de Gonghe, na província de Qinghai, e de Nihewan, na província de Hebei, revelando uma nova compreensão sobre a origem e migração desses animais.
O anúncio foi feito durante a Conferência Chinesa de Arqueozoologia e Arqueobotânica de 2024, realizada na cidade de Zhengzhou, província de Henan. Os resultados do estudo foram publicados em julho na revista acadêmica Quaternary Science Reviews.
Os bois arbustivos, uma espécie de bovídeo de grande porte, foram extintos no início do período Holoceno, aproximadamente entre 7.000 e 8.000 a.C. Até então, fósseis dessa espécie haviam sido encontrados apenas na América do Norte, sugerindo que sua origem seria restrita a esse continente. No entanto, as novas descobertas indicam que os bois arbustivos podem ter se originado na Eurásia antes de migrar para o continente americano.
Bai Weipeng, professor da Escola de História e Cultura da Universidade Normal de Hebei, explicou que os fósseis encontrados nas bacias de Gonghe e Nihewan datam do início do Pleistoceno, cerca de 2 milhões de anos atrás. As duas espécies identificadas foram classificadas como o boi arbustivo montanhoso e uma espécie indeterminada do mesmo gênero. “O que mais distingue esse tipo de bovídeo são seus chifres, que se torcem e crescem para frente”, destacou Bai.
Dados de pesquisas indicam que os fósseis mais antigos de bois arbustivos encontrados na América do Norte datam do final do início do Pleistoceno, aproximadamente 1,1 milhão de anos atrás. “A idade estratigráfica dos fósseis de bois arbustivos descobertos na China é mais antiga que a dos fósseis da América do Norte, sugerindo que os bois arbustivos provavelmente se originaram na Eurásia antes de migrarem”, afirmou Bai.
Estudos ecológicos e morfológicos dos dentes e ossos dos membros sugerem que a espécie indeterminada de boi arbustivo encontrada na bacia de Nihewan tinha uma dieta e ecologia semelhantes à do boi arbustivo montanhoso da América do Norte. Esses animais habitavam principalmente regiões montanhosas, alimentando-se de folhas e arbustos. As montanhas Xiong’er, no norte da bacia de Nihewan, ofereciam um ambiente adequado para os bois arbustivos naquela época.
Estudos filogenéticos mostram que os bois arbustivos formam um grupo-irmão com os bois almiscarados, indicando uma relação evolutiva mais próxima entre essas duas espécies do que com outros bovídeos. “Ampliando pesquisas anteriores, incluímos bois almiscarados do Quaternário em nosso estudo e concluímos que sua evolução pode ser dividida em duas categorias: espécies de chifres altos e de chifres baixos. Esses dois grupos migraram da Eurásia para a América do Norte durante o final do início do Pleistoceno e o início do Pleistoceno Médio, respectivamente”, acrescentou Bai.
Essa pesquisa oferece novos insights sobre a diversidade e evolução dos bois almiscarados e é de grande importância para o entendimento das trocas faunísticas entre a Eurásia e a América do Norte durante o período Quaternário.
Texto traduzido e adaptado de ECNS, revisado por nossa equipe editorial.