Atriz se manifesta contra o uso indevido da inteligência artificial após sua imagem ser manipulada em vídeo falso que protesta contra declarações antissemitas do rapper.
A atriz Scarlett Johansson fez um alerta sobre os perigos do uso indevido da inteligência artificial após a circulação de um vídeo deepfake no qual ela e outras celebridades judias aparecem supostamente condenando declarações de Kanye West. O material falso utiliza computação gráfica para criar imagens manipuladas e foi amplamente compartilhado nas redes sociais.
Nos últimos dias, West voltou a causar controvérsia ao fazer publicações de cunho antissemita na plataforma X e comercializar camisetas com suásticas em sua loja virtual. O vídeo deepfake, que surgiu como resposta a essas ações, mostra Johansson, David Schwimmer, Woody Allen, Jerry Seinfeld, Paul Simon e Art Garfunkel vestindo camisetas brancas com a Estrela de Davi e exibindo um gesto ofensivo acima da palavra “Kanye”. Além deles, o vídeo também inclui imagens falsas de Steven Spielberg, Adam Sandler, Sacha Baron Cohen e Natalie Portman.
Em uma declaração à revista People, Johansson afirmou ter sido alertada por amigos e familiares sobre o vídeo e expressou preocupação com a crescente ameaça da IA na disseminação de desinformação. “Sou uma mulher judia que não tolera antissemitismo ou discurso de ódio de qualquer tipo”, disse a atriz. No entanto, ela ressaltou que “o potencial de discurso de ódio multiplicado pela IA é uma ameaça muito maior do que qualquer pessoa que assuma a responsabilidade por isso”. Johansson destacou ainda a importância de denunciar o uso indevido da tecnologia, independentemente da mensagem veiculada, alertando que “corremos o risco de perder o controle da realidade”.
O vídeo falso circulou com o slogan “Basta. Junte-se à luta contra o antissemitismo” e chegou a ser apontado como uma manifestação real por parte das celebridades envolvidas. A colunista Nicole Lampert, do jornal Jewish Chronicle, comentou sobre o impacto do material e observou que, apesar da mensagem parecer legítima, sua criação artificial apenas reforça “o silêncio ensurdecedor da classe das celebridades” diante das polêmicas envolvendo Kanye West.
As recentes ações do rapper geraram grande repercussão. Além das declarações no X, West também divulgou sua loja virtual durante o intervalo do Super Bowl, levando espectadores ao site onde as camisetas com suásticas estavam à venda. A Shopify retirou a página do ar na última terça-feira (11), alegando violação de suas políticas. O CEO da Fox Television Stations, Jack Abernethy, também se manifestou, afirmando que a empresa foi induzida a exibir um anúncio de um suposto e-commerce de vestuário, que posteriormente direcionou os consumidores a produtos inaceitáveis.
Ty Dolla $ign, que colaborou com Kanye West em 2024, também se distanciou do rapper após a controvérsia. Sem mencionar diretamente o nome de West, ele escreveu no Instagram: “Eu não tolero nenhuma forma de discurso de ódio contra ninguém”.
O episódio reforça o alerta sobre os desafios do uso da inteligência artificial na criação de conteúdos falsificados. Segundo órgãos reguladores britânicos, deepfakes com figuras públicas já estão entre os tipos mais comuns de anúncios fraudulentos na internet, levantando preocupações sobre sua influência na percepção pública e na propagação da desinformação.
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Texto adaptado da BBC e revisado pela nossa redação.