A Groenlândia pode buscar sua independência se essa for a vontade de seus habitantes, mas não se tornará parte dos Estados Unidos, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, nesta quarta-feira (8).
A declaração veio após o presidente eleito americano, Donald Trump, se recusar a descartar o uso de força para obter controle sobre a ilha localizada no Ártico.
“Reconhecemos plenamente que a Groenlândia tem suas próprias ambições. Se elas se materializarem, a Groenlândia se tornará independente, embora dificilmente com a ambição de se tornar um estado federal nos Estados Unidos,” declarou Rasmussen após uma reunião entre o primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, e o rei da Dinamarca em Copenhague.
Tensões históricas e autonomia da Groenlândia
A Groenlândia, lar de aproximadamente 57 mil pessoas, faz parte da Dinamarca há cerca de 600 anos. Atualmente, o território possui autonomia em questões domésticas, embora ainda dependa da Dinamarca para assuntos de defesa e política externa.
As relações entre a Groenlândia e a Dinamarca têm se tornado tensas nos últimos anos, com acusações de má gestão e maus-tratos à população local durante o período colonial.
Interesse de Trump na Groenlândia
Durante seu primeiro mandato, em 2019, Trump já havia sugerido a compra da Groenlândia, chegando a cancelar uma visita à Dinamarca após a recusa do governo dinamarquês em vender o território.
Na última terça-feira (7), Trump declarou considerar medidas militares ou econômicas para adquirir a ilha. Seu filho, Donald Trump Jr., também realizou uma visita pessoal à região dinamarquesa.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, afirmou não acreditar que os planos de Trump levariam a uma intervenção militar, mas expressou preocupação com as possíveis consequências econômicas de uma guerra comercial com os EUA.
Resposta internacional
O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noel Barrot, reforçou a posição europeia, afirmando que a União Europeia não permitiria que suas fronteiras fossem violadas.
“Obviamente, a União Europeia não deixaria outras nações do mundo atacarem suas fronteiras soberanas, sejam elas quem forem,” disse Barrot à rádio France Inter.
Posição da Groenlândia
O líder groenlandês, Mute Egede, reiterou que a ilha não está à venda e reforçou o desejo de avançar com o processo de independência.
Enquanto a Dinamarca afirmou que não venderá a região, o chanceler dinamarquês destacou que apenas os groenlandeses têm o direito de decidir seu próprio destino.