Em uma revelação impactante, a Huawei e a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC) foram descobertas utilizando equipamentos desenvolvidos nos Estados Unidos para a produção do chipset Kirin 9000s de 7 nanômetros. Esta informação foi trazida à luz por uma investigação divulgada por autoridades americanas e reportada pela Bloomberg.
A SMIC, valendo-se de equipamentos de ponta da Applied Materials, da Lam Research, ambas californianas, e da ASML, sediada na Holanda, conseguiu montar o chip de alto desempenho para a Huawei. Este desenvolvimento é notável, especialmente considerando que a aquisição dessas máquinas ocorreu antes das sanções impostas pelos EUA em outubro de 2022, demonstrando um planejamento estratégico e uma antecipação por parte da fabricante chinesa às restrições comerciais.
A utilização de tais equipamentos sublinha a dependência contínua da China em tecnologia ocidental para o desenvolvimento de chips proprietários. Contudo, enfrentando crescentes sanções, tanto a SMIC quanto a Huawei estão sob pressão para inovar além das limitações impostas, enquanto o governo chinês incentiva a produção local de equipamentos para alcançar uma independência tecnológica.
Percival Henriques, renomado especialista em tecnologia, comentou sobre o caso, ressaltando a ironia e as complexidades da guerra comercial entre China e Estados Unidos. “Estamos assistindo a uma batalha tecnológica e econômica onde a inovação e a soberania digital estão em jogo. A China está claramente trabalhando para reduzir sua dependência da tecnologia ocidental, mas este caso mostra o quão entrelaçados estão os ecossistemas de tecnologia global.”
Ele também aponta para o impacto potencial das sanções no avanço tecnológico, não apenas para as empresas chinesas, mas para o mercado global como um todo. “As restrições podem retardar o progresso, mas também incentivam o desenvolvimento de alternativas, o que pode levar a um cenário tecnológico mais diversificado e inovador no futuro.”
Além disso, Henriques observa a pressão exercida pela administração Biden sobre empresas como a ASML para restringir ainda mais o acesso da China à tecnologia avançada. “Essa pressão pode atrasar os avanços da China no curto prazo, mas também acelera os esforços de independência tecnológica, uma direção que a China tem incentivado vigorosamente.”
Em meio a essa controvérsia, surgem relatos de que a Huawei e a SMIC estão avançando para o desenvolvimento de chips de 5 nanômetros e até mesmo pesquisando tecnologia de 3 nm. “Se a China conseguir avançar nesses domínios tecnológicos, será um testemunho de sua resiliência e inovação, apesar das adversidades externas,” conclui Henriques.
Este episódio destaca não apenas as tensões contínuas entre as duas maiores economias do mundo, mas também a natureza interconectada da indústria global de semicondutores. Enquanto a guerra comercial continua “a todo vapor” em 2024, o mundo observa atentamente para ver como a dinâmica do poder tecnológico irá se desenrolar.