Transformação sustentável no deserto: O projeto, apelidado de “Grande Muralha Solar”, promete gerar 100 gigawatts de energia até 2030
O deserto de Kubuqi, localizado na região da Mongólia Interior, na China, está passando por uma transformação impressionante, conforme revelado por imagens de satélite divulgadas pela NASA nesta segunda-feira (30). As fotos, capturadas pelos satélites Landsat do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), mostram vastas instalações solares remodelando a paisagem árida, consolidando a ambição chinesa de se tornar líder global em energia renovável.
Um gigante solar no deserto
Conhecido como a “Grande Muralha Solar da China”, o projeto se estenderá por 250 milhas de comprimento e 3 milhas de largura, com uma capacidade instalada de 100 gigawatts quando concluído em 2030. De acordo com o Global Energy Monitor (GEM), o país já detém 51% da capacidade global de produção de energia solar, e o complexo de Kubuqi representa um avanço crucial nessa liderança.
Estima-se que o projeto produzirá cerca de 180 bilhões de quilowatts-hora (kWh) anualmente, quantidade suficiente para abastecer a cidade de Pequim e regiões vizinhas.
Impactos ambientais e agrícolas positivos
Além da geração de energia limpa, o megaprojeto traz benefícios ambientais significativos. As instalações solares reduzem a velocidade dos ventos, diminuem a desertificação e criam áreas sombreadas que retêm umidade, favorecendo o crescimento de gramíneas e até algumas culturas agrícolas. Essa combinação contribui para o combate ao avanço do deserto e para a recuperação de áreas degradadas.
Estrutura estratégica
As fazendas solares foram estrategicamente posicionadas em uma região plana e ensolarada ao sul do Rio Amarelo, entre as cidades de Baotou e Bayannur. Atualmente, cerca de 5,4 gigawatts de capacidade já foram instalados, incluindo a Estação Solar Junma, concluída em 2019. O projeto, que detém um recorde mundial do Guinness por formar a maior imagem de um cavalo galopante feita com painéis solares, gera eletricidade suficiente para abastecer entre 300 mil e 400 mil pessoas anualmente.
Uma nova linha de transmissão também está em construção e será capaz de fornecer 48 bilhões de kWh por ano para as regiões de Pequim, Tianjin e Hebei.
Crescimento sem precedentes
Entre 2017 e 2023, a capacidade solar instalada na China cresceu a uma taxa média de 40 mil megawatts por ano, muito acima dos 8.100 megawatts anuais adicionados pelos Estados Unidos no mesmo período.
Li Kai, representante de energia em Dalad Banner, explicou ao jornal estatal China Daily que o investimento é inteiramente financiado por empresas estatais, sem demanda financeira direta dos governos locais. Além disso, o projeto deve gerar cerca de 50 mil empregos até 2030.
Um modelo para o mundo
Com a conclusão prevista para 2030, a “Grande Muralha Solar” terá capacidade para suprir totalmente as necessidades energéticas de Pequim e apoiar outras regiões vizinhas. O sucesso dessa iniciativa poderá servir de modelo para projetos semelhantes em escala global, representando um avanço significativo na luta contra as mudanças climáticas e na transição para fontes de energia limpa e sustentável.
Texto traduzido e adaptado de Newsweek e revisado pela nossa redação.