Modelos digitais gerados por IA, como Aitana Lopez, ganham popularidade e parcerias com marcas, enquanto críticos questionam o impacto dessas influências irreais sobre padrões de beleza e autenticidade.
Uma nova onda de influenciadores gerados por inteligência artificial (IA) tem atraído grande atenção e contratos lucrativos de marcas esportivas e de nutrição. Aitana Lopez, um dos exemplos mais conhecidos, foi criada pela agência The Clueless, de Barcelona, e é apresentada como uma jovem entusiasta do fitness, com cabelos rosas e um corpo considerado ideal no estilo “hollywoodiano”. Com mais de 330 mil seguidores no Instagram, Aitana tornou-se um fenômeno na plataforma, que classifica seu perfil como criação de IA.
Apesar do sucesso, Aitana também provoca críticas. Para alguns observadores, como a influenciadora americana de amor-próprio Danae Mercer, modelos digitais como Aitana podem influenciar negativamente os jovens. “Acho que elas estão estabelecendo um padrão de beleza irrealista que está próximo o suficiente de ser real, de modo que muitas pessoas que as seguem não percebem que não são reais, especialmente adolescentes”, afirma Mercer, apontando preocupações sobre os efeitos desses padrões na autoestima dos seguidores.
A produção das imagens de Aitana envolve uma combinação de fotografia e manipulação digital. A agência The Clueless compartilhou detalhes do processo com a BBC, mostrando como uma foto tirada em locação com uma assistente é editada para incluir a modelo virtual, usando luzes e sombras que aumentam a verossimilhança. Além das imagens, a agência se dedica a criar Stories e legendas que simulam o cotidiano de uma influenciadora real.
Embora as imagens não sejam rotineiramente rotuladas como criações de IA, a agência defende sua prática, argumentando que Aitana não é tão diferente de influenciadores reais que fazem uso extensivo de filtros e retoques digitais. “Você pode ver isso em toda parte na publicidade. Se você comparar Aitana com o resto dos influenciadores, ela tem a mesma aparência que os outros”, defende Sofia Novales, representante da agência.
No entanto, a popularidade de modelos como Aitana também acarreta um dilema ético. Ao publicar fotos de Aitana em academias e promovendo hábitos saudáveis, críticos sugerem que a agência passa uma imagem irrealista, já que a influenciadora digital, na realidade, não vive o estilo de vida que aparenta nas redes. Em resposta, a The Clueless explica que pretende diversificar os perfis gerados por IA, incorporando modelos de diferentes biotipos e estilos. Até o momento, porém, a agência observa que esses perfis alternativos têm tido menos aceitação entre o público e as marcas.
Esse crescimento dos influenciadores gerados por IA reflete um fenômeno crescente no uso de tecnologias para criar imagens detalhadas e realistas, com potencial de saturar redes sociais com figuras de aparência idealizada e distante da realidade.
Texto adaptado de BBC News e revisado pela nossa redação.