Cientistas desenvolvem dispositivo automatizado para separar mosquitos machos e fêmeas, melhorando o controle da reprodução e ajudando a combater doenças como a dengue.
Cientistas alcançaram um avanço significativo no combate a mosquitos com o desenvolvimento de um dispositivo automatizado capaz de separar eficientemente mosquitos machos e fêmeas. Este avanço desempenha um papel crucial na produção aumentada de machos estéreis, ajudando a controlar a reprodução dos mosquitos e a disseminação de doenças como a dengue.
A invenção, criada por uma equipe internacional de pesquisadores, foi publicada na revista acadêmica Science Robotics no início deste mês, chamando a atenção global para sua inovação.
O grupo é composto por professores e especialistas da Michigan State University nos Estados Unidos, além da Jinan University e da Guangzhou Wolbaki Biotech Co, ambas localizadas na província de Guangdong, na China.
Xi Zhiyong, professor da Michigan State University, afirmou que o dispositivo superou um importante obstáculo na engenharia de estratégias de controle biológico de doenças transmitidas por mosquitos. Xi explicou que uma das abordagens consiste em infectar mosquitos machos com Wolbachia, uma bactéria que não afeta mamíferos, mas está presente em muitos insetos, incluindo os mosquitos. Os ovos produzidos por fêmeas que acasalam com machos infectados são inférteis, reduzindo a população de mosquitos, uma vez que apenas as fêmeas mordem humanos.
O dispositivo automatizado é utilizado para separar os machos infectados com Wolbachia para sua liberação no ambiente natural. “Após repetidos testes em uma dúzia de países, o dispositivo demonstrou eficácia na prevenção e controle da dengue e outras doenças transmitidas por mosquitos,” declarou Xi no domingo.
A Organização Mundial da Saúde reconheceu o potencial da tecnologia para o controle a longo prazo dos vetores da dengue e começou a desenvolver diretrizes para sua implementação em países onde a dengue é endêmica, informou Xi.
Até agora, 18 dispositivos foram vendidos para países como Estados Unidos, Brasil, Cuba, Tailândia e Itália, que enfrentam grandes surtos de dengue, contribuindo para o controle da disseminação de doenças transmitidas por mosquitos.
Gong Juntao, pesquisador e gerente geral da Guangzhou Wolbaki Biotech, revelou que a equipe desenvolveu de forma independente um separador automático de pupas de mosquitos machos e fêmeas, com dois patentes nacionais de invenção. O processo de mistura, separação e coleta das pupas é integrado de forma eficiente, permitindo a separação rápida e eficaz de um grande número de pupas de mosquitos machos, quando há oferta suficiente.
“Comparado aos métodos tradicionais de separação manual, o separador automático aumentou a capacidade de produção de mosquitos machos em 17 vezes, podendo separar até 16 milhões de mosquitos machos por semana,” afirmou Gong.
Xi, co-fundador e presidente do conselho da Guangzhou Wolbaki Biotech, e ex-diretor do Centro Conjunto de Controle de Vetores para Doenças Tropicais da Sun Yat-sen University-Michigan State University, destacou que os próximos desafios são expandir a escala de produção e reduzir os custos para atender à crescente demanda por essa tecnologia em países endêmicos de dengue.
O projeto “mosquitos contra mosquitos” foi iniciado por Xi e sua equipe em Guangzhou, capital da província de Guangdong, em 2011.
Li Yongjun, professor associado da Jinan University e participante da pesquisa, observou que as doenças transmitidas por mosquitos, especialmente a dengue, têm se agravado com as mudanças climáticas e o aumento da mobilidade humana. “O controle químico tem efeitos limitados sobre esses insetos e traz problemas de poluição ambiental e resistência a medicamentos,” disse Li.
Texto adaptado de China Daily