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Internautas resgatam vídeo de Leite sobre derrubar muro antienchente

Projeto do Cais Mauá, defendido pelo governador, estipulava a troca do sistema por um novo para o “pessoal poder curtir a paisagem”, mas sem deixar “Porto Alegre indefesa”

Internautas resgataram um vídeo do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), no qual ele anuncia o edital de concessão administrativa do Cais Mauá, em Porto Alegre. A publicação é de 18 de setembro de 2023 e mostra como ficaria a orla da capital gaúcha sem o muro que, embora com falhas por causa do descaso (entenda neste post) de seguidas gestões estaduais e municipais, ajudou a evitar um desastre maior.

“Um antigo porto de Porto Alegre, revitalizado, com as pessoas circulando livremente, sem ter aquele muro que dividia o antigo porto da cidade e, por lá, nesses antigos armazéns, restaurantes, espaços de cultura, de lazer, coworkings, espaços de inovação, tudo com as pessoas circulando livremente, sem precisar pagar nada para entrar lá”, diz Leite enquanto são exibidas imagens do projeto. Formulário de cadastro receba alertas grátis do Poder360

Assista ao vídeo de Leite (2min14s):

No vídeo, Leite não disse como seria o novo projeto de contenção que substituiria o Muro da Mauá.

Ele deu detalhes sobre a medida de proteção em um 2º vídeo, publicado em 29 de setembro, e declara que a capital gaúcha não ficaria desprotegida: “Quando a gente defende que o Muro da Mauá seja removido, não é para deixar a cidade de Porto Alegre indefesa. Muito pelo contrário. O novo sistema de proteção é mais eficaz”.

Assista ao vídeo em que Leite fala em tirar Muro da Mauá (2min14s):

COMO SERIA A NOVA PROTEÇÃO

O projeto apresentado propõe uma calçada elevada em cerca de 1m20, em formato de arquibancada (veja na imagem abaixo). A estrutura, segundo Leite, permitiria ao “pessoal poder curtir a paisagem”.

As projeções apresentadas pelo governador gaúcho dão a entender que o nível mais baixo dessa arquibancada ficaria na cota de inundação que hoje é de 3m. E o mais alto estaria 1m20 acima, suportando um nível até 4m20.

Como o Guaíba passou de 5 metros, a proteção desenhada pelo governo gaúcho em 2023 não conteria a enchente.

Caso o Guaíba ultrapassasse os 4 metros e 20 cm, Leite afirmou na ocasião que seria adotada uma proteção extra. Escritórios contratados pelo governo gaúcho mapearam tecnologias de contenção que seriam exigidas do parceiro privado, mas o governador não disse qual substituiria o Muro da Mauá.

Uma das propostas que foi apresentada é um sistema retrátil, uma espécie de cerca que ficaria deitada e, quando acionada, iria se elevar e formaria uma barreira com cerca de 1m70 de altura (veja na imagem mais abaixo).

Neste cenário, com a arquibancada de 1m20 e a estrutura retrátil de 1m70, formariam uma barreira de contenção de 3m para além dos 3m da cota de inundação. Ou seja, suportaria que o rio atingisse até 6m, como é a atual configuração do muro.

Eis a íntegra da apresentação do novo Cais Mauá (PDF – 13 MB).

PROJETO ANTIGO

A revitalização do Cais Mauá é um tema debatido pelo governo de Eduardo Leite desde 2021. O projeto foi apresentado oficialmente em 25 de novembro do mesmo ano. 

A proposta foi elaborada pela Separ (Secretaria de Parcerias e Concessões do governo do Estado) em parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). 

O trecho concedido compreende a área da Usina do Gasômetro até a Estação Rodoviária de Porto Alegre, com extensão de 3 km e área de 181,2 mil m².

O projeto determina a retirada de 1 km do muro para instalar a nova estrutura que protegeria também os armazéns, que seriam transformados em espaços de lazer. Segundo o edital, a nova alternativa apresentada precisaria ser aprovada pelos órgãos responsáveis. A remoção parcial da estrutura de concreto só seria possível depois disso.

Sistema de proteção da cidade proposto no projeto de revitalização do Cais Mauá

COMO FUNCIONA O SISTEMA ATUAL

Porto Alegre conta com uma proteção contra cheias que inclui um muro de concreto armado de 2,65 km de extensão, localizado na avenida Mauá, e 14 comportas de aço –metade delas ao longo do muro. Existem ainda 23 casas de bomba pela cidade, que têm a função de bombear a água que poderia invadir as ruas pelos bueiros de volta para o rio.

O sistema também inclui 68 km de diques de terra, que são uma espécie de barreira. Desses, 24 km são elevações que separam o rio de vias importantes da cidade, como a rodovia BR-290 (conhecida como FreeWay), a av. Castelo Branco e a av. Beira Rio. Há outros 44 km de diques internos, às margens dos arroios que atravessam a cidade.

Veja como é o sistema na galeria abaixo:

O professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Fernando Dornelles, que é engenheiro civil e doutor em recursos hídricos e saneamento ambiental, diz que o sistema atual é o mais adequado, do ponto de vista das contas públicas: “Sistemas mais complexos exigem maior investimentos em manutenção”. No entanto, foi justamente a falta de manutenção que levou a falhas na proteção.

LEILÃO NA B3

O projeto foi à leilão na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, em 6 de fevereiro de 2024.

O consórcio Pulsa RS, formado pelas empresas Spar Participações e Desenvolvimento Imobiliário e Credlar Empreendimentos Imobiliários, foi o vencedor e único participante. O contrato está suspenso por tempo indeterminado por causa das chuvas que atingem o Estado.

Leite publicou um vídeo na data comemorando a aprovação da proposta. Ele fala em dar o Cais Mauá “de volta para a sociedade”, que espera o início das obras até o final de 2024 e o novo cais seria uma “virada de chave” para o Rio Grande do Sul.

Assista ao vídeo de Leite na B3 (1min38s):

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