Saúde

Intersexo: Compreendendo um Termo Reconhecido de Forma Inédita no Brasil

Recentemente, um marco histórico foi alcançado no Brasil: pela primeira vez, o termo “intersexo” foi reconhecido em um registro civil. A jornalista e fotógrafa Céu Albuquerque tornou-se a primeira pessoa no país a obter aprovação judicial para essa mudança, conforme relatado pela Associação Brasileira Intersexo (Abrai). Além de representar um avanço nos direitos civis, esse evento despertou um interesse renovado sobre o tema.

O Que Significa Ser Intersexo?

O Dr. Ubirajara Barroso Jr., médico urologista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), explica que ser intersexo é uma condição biológica caracterizada pela incongruência entre o sexo cromossômico, o sexo gonadal e o sexo fenotípico, ou seja, como os órgãos genitais internos e externos se apresentam.

Por exemplo, uma pessoa pode ter cromossomos femininos 46, XX, mas apresentar testículos e uma genitália que varia de uma vagina a um pênis, ou mesmo uma genitália atípica com características tanto masculinas quanto femininas. Essa condição também pode se manifestar de diversas maneiras do ponto de vista hormonal, o que contribui para a variedade de características observadas.

Da Identificação à Possibilidade de Cirurgia

A condição intersexo faz parte das Desordens do Desenvolvimento Sexual (DTS), que abrangem alterações genéticas relacionadas à produção de hormônios e à formação das gônadas.

Frequentemente, indivíduos intersexo buscam intervenções cirúrgicas para modificar suas características genitais, não porque haja algo intrinsecamente errado com seus órgãos genitais, mas porque desejam alinhar suas características físicas com uma identidade de gênero específica.

Essas cirurgias podem ocorrer na infância ou na idade adulta, dependendo do caso e das preferências do paciente. É fundamental que essas decisões sejam tomadas por equipes multidisciplinares e que levem em consideração o bem-estar e a identidade de gênero do indivíduo.

O tratamento de pessoas intersexo é altamente individualizado, e não há uma abordagem única ou definitiva em relação à realização de cirurgias. O objetivo é garantir que qualquer intervenção médica seja feita de forma segura e respeitando a autonomia e a integridade do paciente.

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