O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morreu neste domingo (19), após um helicóptero que o transportava cair na montanhosa região de Varzaqan, no noroeste do país. A informação foi confirmada pela Irna, a agência de notícias oficial iraniana.
Também morreram no acidente o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amirabdollahian, o governador da província do Azarbaijão Oriental, Malek Rahmati, e Mehdi Mousavi, chefe da equipe de guarda-costas de Raisi. Oura vítima confirmada foi Mohammad Ali Al-e-Hashem, representante do líder supremo do Irã na província.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, nomeou o vice-presidente Mohammad Mokhber como chefe do Executivo. Ele também decretou cinco dias de luto pela morte do presidente.
O Irã agora tem um prazo máximo de 50 dias antes da realização de uma eleição presidencial para escolher o sucessor de Raisi, segundo a Reuters.
O país viveu horas de dúvidas e angústia, desde que foi anunciado o que seria um pouso forçada da aeronave e que depois se confirmou como uma queda. Raisi e sua comitiva voltavam da cerimônia de inauguração de uma barragem, na fronteira entre o Irã e o Azerbaijão.
Dezenas de pessoas das equipes de resgate estavam na região, tentando encontrar o local exato do acidente. As condições de tempo e temperatura, com muito frio e neblina, dificultaram os trabalhos, assim como o geografia do local. Na manhã desta segunda-feira, os destroços foram localizados e as primeiras informações eram de que não havia sinais de sobreviventes.
Horas antes do anúncio oficial da morte, o aiatolá Khamenei reagiu à notícia do acidente informando que estava orando pelo retorno do presidente em segurança. Ele também pediu que o povo iraniano mantivesse a calma e disse estar confiante o incidente não afetaria as operações de rotina do país. “A nação iraniana não deve estar preocupada. Não haverá interrupção nas operações do país”, declarou.
A agência de notícias informou que peregrinos que visitavam o santuário do Imã Reza na cidade de Mashhad, iniciaram a cerimônia do domingo para rezar pela saúde e a segurança do presidente Raisi.
Linha dura e provável sucessor de Ali Khamenei
Raisi era considerado um presidente linha-dura, além de ser reconhecidamente um protegido de Khamenei. Especialistas diziam que era um potencial sucessor do aiatolá dentro da teocracia xiita do país.
O político ultraconservador de 63 anos já havia comandado o Poder Judiciário do Irã. Ele concorreu sem sucesso à presidência em 2017 contra Hassan Rohani, um clérigo considerado moderado que foi um dos responsáveis pela assinatura do acordo nuclear de Teerã com outras potências mundiais, em 2015.
Mas Raisi voltou à disputa em 2021 e obteve quase 62% dos 28,9 milhões de votos. Como presidente, apoiou o enriquecimento de urânio do país até níveis próximos de armas, além de dificultar os trabalhos de inspetores internacionais.
Internamente, adotava uma política de pouca tolerância com protestos contra o governo, autorizado uso da força, prisões e execuções de ativistas.
Recentemente, Raisi deu aval para um ataque de mais de 300 drones contra Israel, em resposta a um suposto ataque israelense que matou generais iranianos no complexo da embaixada do país em Damasco, na Síria.