BRASÍLIA – Nesta terça-feira, dia 9, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou sua profunda preocupação em relação à invasão da embaixada do México no Equador, caracterizando-a como uma grave ruptura do direito internacional. Lula realizou uma ligação para o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, expressando sua solidariedade ao governo do aliado político. As informações foram divulgadas pela Presidência da República.
Durante a conversa, Lula garantiu a AMLO que o Brasil estará atento ao desenrolar dos acontecimentos por meio da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). A Organização dos Estados Americanos (OEA) também se pronunciou criticando o governo equatoriano.
A invasão da embaixada, uma ação sem precedentes na região, gerou um aumento significativo nas tensões políticas, recebendo forte reação de líderes de esquerda e direita.
O Ministério das Relações Exteriores, por meio de nota, já havia comunicado sua condenação à ação realizada pelas forças policiais equatorianas. O governo brasileiro considerou a medida uma grave violação, merecendo um firme repúdio, independentemente da justificativa apresentada.
AMLO informou a Lula sua decisão de levar o caso ao Tribunal Internacional de Justiça (CIJ). Além disso, o governo mexicano rompeu relações diplomáticas com o Equador, liderado por Daniel Noboa, posicionamento que foi seguido pela Nicarágua, governada por Daniel Ortega.
A invasão da embaixada ocorreu na última sexta-feira, dia 5, quando as forças de segurança equatorianas entraram na embaixada mexicana em Quito com o objetivo de prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que buscava asilo político. A ação foi considerada uma violação clara da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, que garante a inviolabilidade das embaixadas e imunidades às autoridades diplomáticas estrangeiras.
A diplomacia equatoriana argumentou que o México estava interferindo em assuntos internos ao negar a autorização para a Polícia Nacional prender Glas na embaixada. Quito alegou ainda que havia risco de fuga e que Glas não poderia ser considerado um perseguido político.
O Planalto informou que AMLO agradeceu a manifestação de solidariedade de Lula e que os dois discutiram a possibilidade de uma visita do ex-presidente brasileiro à Cidade do México, uma viagem que foi adiada no ano passado, mas que Lula expressou o desejo de realizar ainda este ano, antes do fim do mandato de López Obrador.
Além disso, nesta terça-feira, Lula também conversou pela primeira vez com o novo primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, discutindo sobre as relações entre os dois países e o cenário da comunidade brasileira em Portugal. No dia anterior, o presidente recebeu o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, onde discutiram questões relacionadas à situação dos indígenas no Brasil e a importância de ações para a redução das desigualdades e garantia da liberdade religiosa.
Fonte: Adaptação de O Globo